Coronavírus: paciente de 60 anos é um caso único no mundo. (Naeblys/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de junho de 2022 às 10h47.
Última atualização em 14 de junho de 2022 às 11h15.
O aumento nos casos de covid-19 nas últimas semanas levou a Prefeitura de São Paulo a ampliar o número de leitos destinados ao tratamento de doenças respiratórias. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, 50 vagas foram criadas na rede pública da capital paulista para dar conta do aumento da demanda. Há dois meses, a média de internações no Estado de São Paulo estava em torno de 150. Agora, mais do que triplicou e ultrapassou a barreira de 500 pessoas. São números que estão bem abaixo do recorde de 3.400 pessoas internadas em março, mas que ligam o sinal de alerta nas autoridades por causa do crescimento da pandemia.
"O número de internações está aumentando, então existe a necessidade de aumentar o número de leitos. Embora estejamos longe dos piores momentos de 2021, hoje conseguimos ter menos casos graves graças à vacina, mas estamos tendo mais casos graves do que estávamos preparados para este momento", afirma Carlos Magno Fortaleza, infectologista e epidemiologista da Unesp. "Nas próximas duas semanas haverá um crescimento de casos e depois de internações e mortes."
Em 13 de abril, São Paulo tinha média móvel de 25 mortes por covid-19 e 5.572 casos diários. No domingo, dois meses depois, chegou a 61 mortes e 9.644 casos, um aumento de 145% nos óbitos e de 73% nos contaminados, mesmo com cenário de grande subnotificação de resultados positivos da covid. "A expectativa era de que a gente já tivesse de uma maneira bastante consolidada um número de mortes inferior a 50 nesta época do ano em todo o País, dado o comportamento da pandemia no trimestre anterior. Houve um crescimento grande quando a variante Ômicron chegou, e aí veio a queda abrupta. O problema é que, no primeiro momento que os números diminuem, decretaram fim da emergência epidemiológica, desobrigando uso de máscara", lamenta o médico.
Na rede municipal de São Paulo, a taxa de ocupação dos leitos é de 70% para UTI e de 61% para enfermaria. Já na rede estadual, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, a ocupação é de 46,8% em enfermaria e 50,3% de UTI. "Além de fortalecer os serviços de saúde estaduais para atender pacientes com covid-19, a pasta mantém diálogo com gestores regionais para análises técnicas e definição das estratégias assistenciais e, se necessário, pode ativar novos leitos para a assistência à população. Cabe ressaltar que a abertura de novos leitos não é prerrogativa exclusiva do Estado, cabendo também aos municípios e à União", informou a secretaria estadual. "As medidas já conhecidas pela população seguem cruciais para combater a pandemia do coronavírus: higienização das mãos (com água e sabão ou álcool em gel); distanciamento social; e a vacinação contra a covid", continuou, em nota, sem citar o uso de máscaras faciais.
Desde a última sexta-feira, 10, São Paulo passou também a testar pessoas que tiveram contato com quem foi diagnosticado com covid-19, mesmo sendo assintomático. Com a ampliação da testagem a pessoa poderá retornar às atividades após sete dias de quarentena, caso o resultado seja negativo.
Para Carlos Magno Fortaleza, a utilização das proteções no rosto é fundamental neste momento em que o número de casos cresce. "O que a gente está tentando avisar, usando o princípio básico da epidemiologia, é que quanto mais gente usar máscara, teremos menos casos. É uma recomendação importante e alguns lugares já estão até exigindo novamente as máscaras", disse. Especialistas também alertam para outro problema, que é o fato de a vacinação estar avançando em ritmo lento, principalmente em relação às doses de reforço.
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