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Casos de síndrome respiratória no Rio disparam com a pandemia de covid-19

Segundo a Fiocruz, o número de internados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) já é 43% maior que o de hospitalizados com a doença em 2019

Rio de Janeiro: Cerca de 90% dos casos são de pacientes com covid-19 (Fabio Teixeira/Getty Images)

Rio de Janeiro: Cerca de 90% dos casos são de pacientes com covid-19 (Fabio Teixeira/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 22 de abril de 2020 às 06h54.

Numa estatística inflada pelos casos de covid-19, o número de internados este ano no Estado do Rio com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) já é 43% maior que o de hospitalizados com a doença em 2019 inteiro. De acordo com dados do Infogripe, programa da Fiocruz que realiza esse levantamento, desde o início de janeiro foram 2.635 pacientes com SRAG, enquanto nos 12 meses do ano passado tinham sido 1.835.

As informações são referentes ao boletim que compreende o período entre os dias 12 e 16 de abril. Cerca de 90% dos casos são justamente de pacientes confirmados da Covid-19 no Rio. O novo vírus influenciou, inclusive, o perfil das vítimas. Ano passado, 48% (879) dos internados com a síndrome tinham menos de 2 anos de idade, enquanto os idosos representaram apenas 13% (235). Agora, os idosos são cerca de 25% do total, e crianças com menos de 2 anos, aproximadamente 5%.

Os números poderiam ser ainda maiores, já que os casos de Covid-19 estão subnotificados, principalmente por causa da falta de testes, segundo Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe. Ele ressalta, porém, que entre os últimos dias 12 e 16, foram oficialmente notificados 254 casos de SRAG no Rio. Na semana anterior, tinham sido 820. Uma desaceleração que ele atribui a dois fatores principais.

Um deles é o longo intervalo entre o momento em que a pessoa desenvolve os sintomas da síndrome e o dia que seu diagnóstico é inserido no sistema de saúde — demora que tem se acentuado na pandemia devido à alta demanda. No entanto, segundo Gomes, também pode ser sinal da eficácia do distanciamento social para conter a disseminação do novo coronavírus.

"O boletim recente, contudo, ainda receberá atualizações",  ressalva Gomes. "Mas a desaceleração pode acontecer por causa do isolamento social".

Independentemente dos desdobramentos das próximas semanas, em todo o Brasil os dados também indicam a dimensão do drama atual. Já são 37.294 hospitalizados por SRAG nos primeiros meses do ano, perto dos 39.429 de janeiro a dezembro de 2019.

Influenza controlada

Enquanto o coronavírus representa um imenso temor, ao menos no Rio a boa-nova é que o vírus influenza aparenta estar bem controlado. Segundo o boletim do Infogripe, o estado está dentro da chamada “zona de segurança”, ou seja, está dentro da média histórica de notificações da doença. E, quanto ao número de mortos, é classificado na “zona de êxito”, abaixo da média histórica.

"Não era esperado a influenza estar na zona de segurança. Isso acontece porque os vírus estão competindo biologicamente. É como se a Covid-19 inibisse a influenza. Funciona como uma barreira. Outro motivo para os números baixos é que quase a totalidade dos testes de SRAG estão centralizados para atender a pacientes de coronavírus", explica Gomes.

Presidente da Sociedade de Infectologia do Rio, Tânia Vergara acrescenta que, além do isolamento social, a antecipação das campanhas de vacinação também podem ajudar na baixa dos números de influenza. Mas ela alerta: ainda não se pode relaxar com relação ao vírus, sobretudo porque boa parte dos leitos está ocupada com os pacientes da Covid-19.

"O coronavírus tem a característica de causar internações longas, levando à ocupação dos leitos hospitalares, em especial de CTI, por um tempo muito maior que em outras doenças", destaca ela.

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