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Caso Queiroz muda maré da popularidade do clã Bolsonaro no Twitter

Pesquisa da AP/Exata mostra que reações negativas envolvendo o ex-assessor de Flávio Bolsonaro superaram as positivas

Flávio e Jair: redes sociais são principal plataforma de comunicação do novo governo (Facebook/Reprodução)

Flávio e Jair: redes sociais são principal plataforma de comunicação do novo governo (Facebook/Reprodução)

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Clara Cerioni

Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 16h45.

Última atualização em 21 de janeiro de 2019 às 16h46.

São Paulo — A decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), em suspender na última quinta-feira (17) as investigações sobre Fabrício Queiroz a pedido do senador eleito Flávio Bolsonaro, acendeu o alerta amarelo sobre a popularidade do clã Bolsonaro nas redes sociais.

Um levantamento realizado pela AP/Exata, empresa de inteligência e comunicação digital, mostrou que nas vinte quatro horas seguintes ao anúncio de Fux, 38% das publicações feitas no Twitter envolvendo a suspensão eram negativas, contra 22% positivas e 40% neutras, sem demonstrar qualquer viés.

Para chegar nessa estatística, a empresa analisou 59.441 postagens na rede social contendo as palavras "Flávio Bolsonaro" ou "Queiroz", em 145 cidades do país.

Das publicações, 88% foram feitas por perfis reais, 7% por perfis de interferência (considerados perfis fakes, robôs ou militantes profissionais) e 3% por perfis de mídia.

De acordo com Sergio Denicoli, diretor da AP/Exata e pós-doutor em comunicação digital, o caso Queiroz é suficiente para colocar a família Bolsonaro em alerta.

"Essa foi a primeira vez, desde as eleições, que nós conseguimos identificar que os comentários negativos associados a Bolsonaro eram mais numerosos do que os positivos", explica.

O estudo conseguiu observar, ainda, a distribuição das emoções dos usuários sobre o caso do ex-assessor de Flávio, investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por movimentações financeiras "atípicas" de 1,2 milhão de reais. Medo e tristeza foram as principais reações.

Para Denicoli, no entanto, esses resultados não comprovam uma efetiva crise no novo governo, mas sim um pré-anúncio.

"Os usuários ainda mostram confiança no governo Bolsonaro, mas a rejeição pode se acentuar. Por enquanto, as pessoas estão dando a chance para uma explicação, mas ainda não estão convencidas", afirma.

Atividades robôs, perfis fakes e militância profissional

Principal plataforma da família Bolsonaro para se comunicar com o eleitorado, o Twitter também registrou uma queda de 40% na ação dos chamados perfis de interferência no dia da decisão de Fux, em comparação com a época das eleições.

Na semana passada, foram publicadas 3.157 postagens envolvendo "Flávio Bolsonaro" ou "Queiroz". Entre os dias 27 e 28 de outubro, votação do segundo turno, foram identificados 5.204 comentários que mencionavam a palavra "Bolsonaro".

Denicoli explica que isso comprova que parte da rede montada para influenciar artificialmente as discussões durante a campanha foi desmobilizada.

"Em momentos de crise, esses perfis voltam, mas não é possível dissecar o que é fake, o que é robô ou os militantes profissionais, por isso chamamos de perfis de interferência", diz.

O levantamento da AP/Exata foi realizado antes do jornal O Globo revelar que as movimentações de Fabrício Queiroz atingiram R$ 7 milhões entre os anos de 2014 e 2017.

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