Agência de notícias
Publicado em 30 de setembro de 2025 às 14h50.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), confirmou nesta terça-feira, 30, a investigação de cinco mortes suspeitas por intoxicação com metanol — até então eram três casos. Ao todo, 22 ocorrências estão sendo apuradas pelas autoridades paulistas.
Além disso, Tarcísio anunciou a criação de um gabinete de crise e a interdição de todos os estabelecimentos que registraram casos suspeitos ou confirmados.
– Vamos ter um reforço da nossa área de comunicação para informar quais são os sintomas, quem a pessoa deve procurar quando sentir o sintoma, como ela deve proceder. Nossa rede de saúde, tanto municipal quanto estadual, estará estruturada para prestar assistência imediata. Além disso, a gente vai ter aqui o estabelecimento de canais de denúncia, a pessoa vai poder denunciar via disque 181, para a Secretaria de Segurança Pública. E o Procon também vai estabelecer um canal de denúncia rápido só para bebida adulterada — afirmou o governador durante coletiva sobre o caso, no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista.
Até o momento, das cinco mortes suspeitas, apenas uma já foi confirmada ser por metanol. Trata-se de um habitante de São Bernardo do Campo, no ABC, que ingeriu bebida alcoólica na capital.
O secretário de Saúde, Eleuses Paiva, afirma que os tratamentos disponíveis são eficazes caso as pessoas procurem tratamento rápido.
–É importante que haja maciça divulgação para que as pessoas possam entender os primeiros sintomas, como é que ela pode buscar o tratamento, que aí nesse caso o tratamento rápido é o que pode salvar a vida no caso de uma intoxicação. A Vigilância de São Paulo detecta o primeiro caso de contaminação por metanol em bebida adulterada. Ela notifica o Ministério da Saúde e começa a criar uma série de protocolos já no Estado tentando, primeiro, diagnóstico precoce, segundo, orientação de toda a rede. Nós emitimos um alerta de saúde para toda a rede nossa, rede ambulatorial e rede hospitalar, rede privada e rede pública.
Segundo o governador Tarcísio de Freitas, ao contrário do que afirmou o governo federal, não há nenhuma evidência de que os casos de contaminação ocorreram por intermédio do Primeiro Comando da Capital (PCC).
– Muito tem se especulado sobre, e aí agora tem esse negócio em São Paulo, tudo que acontece é PCC, tem especulado sobre a participação do crime organizado nessa adulteração de bebida. Só para deixar claro, não há evidência nenhuma de que haja crime organizado nisso. Os inquéritos que estão abertos e que estão chegando a pessoas que estão trabalhando com a adulteração nessas destilarias clandestinas são pessoas que não têm relação com o crime organizado e que não têm relação entre si.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira que há indícios de distribuição de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol além do estado de São Paulo. A Polícia Federal abriu inquérito para investigar essas notificações.
Desde o início do ano, São Paulo teve 17 casos suspeitos de intoxicação por metanol. Dez deles foram computados neste mês, o que reforça a hipótese de contaminação recente.
A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça considerou o número recente de notificações “fora do padrão para o curto período de tempo”.
— Considerando nossa ocorrência, que do nosso ponto de vista é grave, nós determinados ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, que abrisse um inquérito policial para verificar a procedência dessa droga e a rede possível de distribuição, que, ao que tudo indica, transcende os limites de um único estado. Tudo indica que há uma distribuição para além do estado de São Paulo, o que atrai a competência da Polícia Federal — afirmou Lewandowski.