Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 24 de março de 2024 às 13h52.
Última atualização em 24 de março de 2024 às 14h55.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse neste domingo, 24, que após prisão dos supostos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, os trabalhos da Polícia Federal foram dados como "encerrados", mas não descartou que possam surgir novas informações após a prisão de Chiquinho e Domingos Brazão.
"É claro que podem surgir novos elementos que levarão eventualmente a um relatório complementar da Polícia Federal. Mas neste momento, os trabalhos foram dados como encerrados", disse em entrevista coletiva.
Lewandowski afirmou que o avanço da investigação é uma "vitória do Estado brasileiro". "Este momento é extremamente significativo, é uma vitória do Estado brasileiro, das nossas forças de segurança do país com relação ao combate ao crime organizado", disse o ministro.
Lewandowski disse ainda que a resolução do caso releva o modus operandi das milícias no Rio de Janeiro, que segundo o ministro, mostra um "entrelaçamento" do crime organizado com órgãos políticos e públicos.
"É um modus operandi bastante sofisticado, complexo e que se espalha por todo o estado e por várias atividades. Tenho a impressão que a partir desse caso nós podemos desvendar outros casos ou pelo menos seguir o fio de uma meada que não temos a dimensão clara. Essa investigação é uma radiografia de como opera as milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro e de como há um entrelaçamento, inclusive, com alguns órgãos políticos e públicos, que é algo bastante preocupante", disse o ministro.
Em crítica à Polícia Civil do Rio, o chefe da pasta disse que as ações foram infrutíferas e atrapalharam as investigações.
"Depois de quase cinco anos de investigações infrutíferas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, e ao que consta, alguns integrantes dessa polícia infelizmente durante todo esse tempo lograram obstruir o avanço das investigações", afirmou.
O diretor-geral da Polícia Federal disse que não existiu uma "única motivação" para o assassinato da vereadora Marielle e destacou o componente político no crime. Ele detalhou ainda que os irmãos Brazão foram os mandantes e o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa atuou para atrapalhar as investigações.
"A motivação precisa ser olhada em um contexto. Não foi um fato único exclusivo. Existem várias situações que levaram que esse grupo de oposição, que envolve sim a questão das milícias, disputa de territórios, legalização de empreendimentos. Precisamos fazer essa análise olhando há seis anos". disse Andrei.
Os alvos da Polícia Federal (PF) foram o deputado federal Chiquinho Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio.
Ao todo, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A operação foi deflagrada menos de uma semana após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada firmada por Ronniel Lessa, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República. O ex-policial militar foi preso em março de 2019 pela participação nas mortes e, na delação do também ex-policial militar Élcio de Queiroz, é apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora e o motorista. Ele foi expulso da corporação e condenado, em 2021, a quatro anos e meio de prisão pela ocultação das armas que teriam sido usadas no crime.