Furacão Irma na Flórida (Carlos Barria/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de outubro de 2017 às 10h10.
São Paulo - Foi durante um curso sobre como investir nos Estados Unidos que Caroline e Maurício De Santis, de 32 e 42 anos, decidiram ter um filho em solo americano. Empresários do ramo de cafeterias e cozinhas industriais, eles planejam morar nos Estados Unidos e receberam a dica de ter o bebê por lá para que ele ganhasse cidadania americana e, no futuro, pudesse viver legalmente no país.
Segundo Caroline, a advogada que estava dando a palestra do curso perguntou se eles tinham filhos. "Quando dissemos que não, ela brincou: 'Por que não aproveitam para ter um bebê americano?'", conta Caroline, que desconhecia haver um serviço voltado a gestantes brasileiras e latinas. "Ela nos explicou sobre as vantagens da cidadania americana, entre elas, ter qualidade de vida, direito à escola pública. Isso ficou na nossa cabeça e fomos amadurecendo a ideia."
Em janeiro, o casal viajou a Miami de férias e decidiu ir atrás de mais informações sobre a legalidade do procedimento. Os empresários aproveitaram para conhecer as instalações dos hospitais e os consultórios dos médicos parceiros. "Isso nos deu muito mais segurança", diz a empresária, que engravidou logo em seguida.
Ao todo, o casal separou cerca de R$ 100 mil reais para pagar o parto, a hospedagem, a viagem e as despesas do dia a dia. Só o pacote que inclui o atendimento médico, o parto e as diárias de hospital custou US$ 12 mil (o equivalente a R$ 39.600).
Caroline viajou para Miami com a mãe no dia 5 de agosto, quando estava grávida de 32 semanas - tempo máximo permitido pela agência e também pelas companhias aéreas, para segurança da mãe e do bebê. Entrou no país com visto de turista e conseguiu carimbo para permanência por até seis meses. Lá, deu continuidade ao pré-natal.
Imprevisto
A empresária estava em Miami quando o furacão Irma - que deixou pelo menos 72 mortos na Flórida - atingiu a cidade. Por estar com a gestação avançada (37 semanas), ela poderia se abrigar em um hospital, mas não havia garantia de leitos disponíveis. "Apesar do medo, preferi ficar hospedada com mais conforto em um hotel construído para suportar furacões de categoria 5. Ao todo, foram oito dias nesse hotel, imprevisto financeiro que geralmente não calculam."
Apesar de ter tentado o parto normal, Vicente nasceu em 26 de setembro após cesariana, com 3,480 kg e 50 cm. A empresária estava com 39 semanas e 4 dias de gestação. "Nasceu e já chorou imediatamente. Todos os procedimentos foram feitos ao nosso lado e as enfermeiras explicavam tudinho. Foi tudo incrível, eu amei", afirmou.
Mãe, avó e bebê ficarão em Miami até 26 de novembro, quando Vicente terá dois meses e receberá a primeira vacina antes de viajar de avião. Maurício voltou ao Brasil no início dessa semana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.