O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho: as maiores lições que o governo tira das manifestações, segundo o ministro, é que não se pode acomodar e que a população quer participar das decisões do país. (Elza Fiuza/ABr)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2013 às 12h53.
Brasília - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse hoje (27) que a população está preparada para o plebiscito que definirá uma reforma política no país. “Acho que suspeitar do despreparo da população seria um erro, o mesmo erro de quem desconsideraria a capacidade da mobilização nas ruas. Naturalmente, tem que haver um grande investimento na divulgação e no debate intenso”, disse o ministro antes de participar do Seminário Memória e Compromisso, no Centro Cultural de Brasília.
Segundo o ministro, o país está vendo se consolidar um novo processo de mobilização. “Temos que aprender a dialogar com essa rapaziada, com essas novas formas. Isso para nós é uma pedagogia, um ensinamento. Temos que ter humildade de aprender e, mais uma vez, a população brasileira teve a criatividade, a capacidade de se mobiliar”, disse, ao afirmar que a democracia brasileira passa por um momento “precioso”.
Sobre o apartidarismo das marchas, Gilberto Carvalho disse que isso representa uma crítica à forma como os partidos têm se organizado e se expressam institucionalmente no Legislativo e no Executivo. “Acho importante os partidos verem essa crítica, procurarem entender sua razão e passarem a ter um comportamento de maior comunicação, de cuidado nas atitudes, de ouvir cada vez mais as pessoas”, disse. No entanto, o ministro considera que, apesar de representar um desafio para que se aprofunde o debate político, não há democracia sem partido. “O que existe sem partido é ditadura.”
O ministro voltou a dizer que a sociedade brasileira avançou muito, e não precisa pedir pão nem emprego nas ruas, como ocorre em alguns países europeus, mas reconheceu que ainda há setores que precisam melhorar e que as críticas, principalmente sobre mobilidade urbana, estão corretas. “Ninguém pode aceitar ficar 2 ou 3 horas dentro de uma condução que não seja descente e minimamente confortável, pagando o que paga.”
As maiores lições que o governo tira das manifestações, segundo o ministro, é que não se pode acomodar e que a população quer participar das decisões do país. “Por isso, o plebiscito, que vai permitir que as pessoas se manifestem sobre uma reforma política, é extremamente importante”, disse.
Entre os principais pontos que ministro espera ver respondidos no plebiscito, está o financiamento público de campanha. Para ele, o financiamento empresarial de campanha é o nascedouro da corrupção e deve ser extinto. “Temos de ir para um financiamento público de campanha, modesto, com muita fiscalização, ou no máximo um financiamento combinado público com o financiamento de pessoa física, e dentro de um limite. Se não tivermos coragem de mudar isso, não adianta, é hipocrisia a gente criticar a corrupção.”