Thomas Shannon, embaixador dos EUA, no Brasil: o Ministério das Relações Exteriores convocou Thomas Shannon, para dar explicações. A reunião durou cerca de meia hora e Shannon saiu sem falar com a imprensa (Elza Fiúza/ABr)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2013 às 16h36.
Brasília - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse nesta segunda-feira que o governo está "em uma situação de emergência" por causa das denúncias que apontam que os Estados Unidos espionaram a presidente Dilma Rousseff.
Em resposta a essas revelações, o Ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon, para dar explicações. A reunião em Brasília durou cerca de meia hora, disseram à Agência Efe fontes diplomáticas e Shannon saiu sem falar com a imprensa.
Dilma também chamou alguns ministros para tratar do assunto, em reuniões que não estavam previstas em sua agenda inicial. Carvalho, por sua vez, deixou um ato oficial para responder à convocação da presidente e não quis dar mais detalhes aos jornalistas.
Estavam presentes os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do Gabinete de Segurança Institucional, general José Elito. Dilma também se reuniu em outro momento com Cardozo, e com os titulares de Defesa, Celso Amorim; Comunicações, Paulo Bernardo, e outros membros do gabinete.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Congresso, Nelson Pellegrino, considerou as denúncias "gravíssimas".
"Caso se confirme que a presidente foi espionada, estaremos diante de um episódio inaceitável de violação da soberania nacional", disse Pellegrino, que se propôs a debater o assunto na próxima reunião da Comissão.
As novas denúncias foram formuladas pela "Rede Globo", que ontem afirmou que, segundo documentos vazados pelo ex-analista da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) Edward Snowden, Dilma e o presidente do México, Enrique Peña Nieto, foram espionados por esse órgão de inteligência.
Segundo a "Globo", os sistemas utilizados pela NSA permitiram aos serviços de inteligência dos Estados Unidos conhecer o conteúdo de conversas telefônicas e e-mails trocados por Dilma com dezenas de assessores.
No entanto, no caso do Brasil, os documentos não substituem o conteúdo da informação à qual se teve acesso.
No caso de Peña Nieto, a espionagem eletrônica começou quando ele ainda era candidato a presidente, e continuou depois de ganhar as eleições de 2012, o que permitiu à NSA saber os nomes de alguns ministros antes mesmo de sua nomeação oficial.
Os documentos foram obtidos com Snowden por Glenn Greenwald, colunista do jornal britânico "The Guardian", que mora no Rio de Janeiro e cujo companheiro, o brasileiro David Miranda, foi detido em Londres pela polícia britânica há 15 dias, o que causou um incidente entre Brasil e Reino Unido.
Após as primeiras denúncias de espionagem, Brasil e Estados Unidos iniciaram um "diálogo bilateral" a respeito, o que levou Cardozo na semana passada a Washington para conhecer o alcance da atuação dos serviços americanos.
O ministro da Justiça se reuniu com o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com a assessora de assuntos contra terrorismo, Lisa Mónaco, e com o chefe do Departamento de Justiça, Eric Holder. Após a visita, Cardozo disse que as explicações não foram "suficientes".
O secretário de Estado americano, John Kerry, em visita oficial ao Brasil, declarou "entender" as queixas, mas afirmou que as atividades dos serviços de inteligência americanos são "legais e necessárias para garantir a segurança global". EFE