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Carta deve ser vista como desabafo pessoal, diz Renan

Presidente do Senado disse que a carta de Michel Temer tem importância institucional, mas que não é um documento coletivo ou partidário


	Renan Calheiros: “Não vou comentar a carta do vice-presidente. Só tem sentido como desabafo", disse o senador
 (Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Renan Calheiros: “Não vou comentar a carta do vice-presidente. Só tem sentido como desabafo", disse o senador (Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2015 às 18h44.

Brasília - O presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse hoje (8) que a carta do vice-presidente da República, Michel Temer, à presidente Dilma Rousseff deve ser encarada como um “desabafo pessoal”.

Renan ressaltou que o documento tem importância institucional, mas disse que não é um documento coletivo ou partidário.

“Não vou comentar a carta do vice-presidente. Só tem sentido como desabafo. Não é uma ação política, partidária muito menos”, afirmou Renan.

Na carta, divulgada ontem pela imprensa, Temer faz diversas queixas sobre o tratamento que vem recebendo da presidente desde o primeiro mandato.

Entre elas, a de falta de confiança por parte de Dilma, a de ter sido desprestigiado em diversos eventos oficiais e a de ver indicações suas e de seus aliados serem rejeitadas pelo Palácio do Planalto – como a não renovação de Moreira Franco à frente do Ministério da Aviação Civil e a retirada do nome de um técnico que havia sido indicado pelo então ministro da pasta e seu aliado, Eliseu Padilha, para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Embora tenha se esquivado de tratar diretamente do texto da carta, Renan criticou o PMDB, que é presidido por Temer, por ter  uma relação com o governo baseada em indicações para cargos públicos.

Na opinião do presidente do Congresso, o partido deve cobrar uma participação “programática” no governo.

“O PMDB é um partido muito grande, é o maior partido do Brasil, tem o maior número de governadores e é, portanto, um partido grande que não tem dono. Mas a sua participação no governo tem que ser programática. O PMDB tem que participar do governo em torno de uma coalizão, que tem que ser programática, porque senão vai voltar a ser essa coisa do cargo. Prestigiou, não prestigiou, confia, não confia”, afirmou, citando indiretamente as queixas do vice-presidente.

O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), considerou que a carta representa um rompimento de Temer com a presidente Dilma, embora o próprio vice-presidente tenha negado isso.

Para Aécio, no entanto, o documento poderia ter tratado de questões “republicanas”, em vez de insatisfações pessoais sobre indicações para cargos públicos.

“Eu vejo que é uma carta de rompimento, em que o vice-presidente Michel Temer demonstra ali sua contrariedade, sua amargura em relação à presidente da República. Acho apenas que ela poderia ter se detido na questão republicana, na questão maior, no mal que esse governo do PT vem fazendo ao Brasil nos últimos 13 anos. Acho que houve ali um destaque excessivo em relação a uma nomeação, ou ausência de nomeações”, afirmou.

Mesmo assim, Aécio frisou que “a questão central é que, com essa carta, o presidente do PMDB e vice-presidente da República se afasta definitivamente desse governo”.

Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), a carta reflete uma posição pessoal de Temer e não deve ser encarada como a representação de um rompimento do PMDB com o governo.

Costa evitou criticar o vice-presidente a quem chama de “democrata”. “Ele é um democrata de larga tradição e sabe, assim como todos nós, que o momento é de nós baixarmos a temperatura”, afirmou o líder petista.

Humberto Costa também procurou ressaltar a importância de Temer para a articulação política do governo e disse acreditar que ainda possa haver “entendimento” do governo com o vice.

“É preciso trabalhar para restaurar a tranquilidade política, no momento em que a presidente é alvo de um processo de impeachment ilegal e ilegítimo, aberto na Câmara dos Deputados”, disse.

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