Cardozo: somente após o juiz levantar o sigilo de investigações da Lava Jato é que conversava com Dilma sobre o assunto (./Agência Senado)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de maio de 2017 às 09h56.
Brasília - O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo classificou como "totalmente inverossímil" a delação do marqueteiro João Santana e da mulher dele, Monica Moura. Ele disse que só recebia informações da Polícia Federal a respeito de prisões ou mesmo de diligências de busca e apreensão determinadas pela força-tarefa da Lava Jato no momento em que a operação era desencadeada.
Cardozo confirmou que, logo após ser informado, avisava a então presidente Dilma Rousseff. Disse, porém, que esse era o seu dever como ministro da Justiça.
"Ela estava informada dentro daquilo que a lei permite que seja feito. Nada além disso", argumentou o ex-ministro, que está em Londres para participar de um debate com o juiz Sérgio Moro, no sábado, sobre Democracia e Judiciário. "É uma situação absolutamente legal, normal e correta."
Ao Estado, por telefone, Cardozo disse que somente após o juiz levantar o sigilo de investigações da Lava Jato é que conversava com Dilma sobre o assunto. "Fazia análises jurídicas e políticas", contou. Afirmou, ainda, que apenas em "casos excepcionais" era avisado "um pouco antes" sobre operações da PF.
Questionado se teria informado Dilma com antecedência sobre o pedido de prisão de João Santana e Mônica Moura, o ex-ministro contestou o teor do depoimento do casal à Procuradoria-Geral da República.
"Acho essa história totalmente inverossímil. Um delator muitas vezes fala o que o investigador quer ouvir, na tentativa de atenuar sua pena", afirmou Cardozo. "Não será a primeira delação em que tentam incriminar Dilma Rousseff e depois a verdade vem à tona."
O ex-ministro lembrou, porém, que pouco antes da prisão de João Santana e Mônica Moura havia "muitos boatos" de que o casal seria detido.
"A presidenta só foi informada no momento da operação, embora já existissem muitos boatos e especulações de que os dois seriam presos", declarou Cardozo.