Plenário do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, onde vinte e seis policiais militares estão sendo julgados pelo massacre do Carandiru (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2013 às 21h25.
São Paulo - No primeiro interrogatório do júri do segundo bloco de PMs do caso Carandiru, nesta quarta-feira, 31, o coronel Valter Alves Mendonça, capitão da tropa da Rota que invadiu o 2º andar do Pavilhão 9 da Casa de Detenção, descreveu uma operação de 15 minutos em que não cita nenhuma das 73 mortes pelas quais mais 24 policiais são julgados nesta semana. Mendonça centrou sua versão de que é inocente somente falando por si e sua participação na invasão do Carandiru em outubro de 1992.
Após atravessar a barreira nas escadas, Mendonça disse que atravessou a gaiola (o acesso para o andar com grades de segurança), e pegou o corredor de celas à esquerda, onde teria avistado clarões e vultos de detentos. Lá teria escutado estampidos e sentido o impacto de projéteis no seu escudo balístico, que segurava com a mão esquerda. Na mão da direita, estaria a sua submetralhadora Beretta, com qual revidou com três disparos.
Os promotores tentaram contradizer Mendonça com seu depoimento na Justiça Militar e na CPI da Assembleia, onde ele não teria mencionado que havia dado uma volta em todos os corredores antes de sair da prisão.
O coronel terminou o interrogatório emocionado e chegou a interromper a fala duas vezes diante
do júri ao comentar sua carreira na PM. Sua mulher e dois filhos estavam na plateia. Ele disse que "espera ter cumprido a função de policial de elite" e ficou com a voz embargada ao falar do pai e de que os dois filhos seguiam a mesma carreira.
Separado
O único réu que será julgado em um júri só para si, o coronel Luiz Nakaharada, foi lembrado pela promotoria. "É um dos meus grandes ídolos", disse Mendonça. O colega será julgado em separado pois é acusado individualmente de 5 das 78 mortes no pavimento que ficou conhecido pela ação mais sangrenta, com 70% das 111 mortes registradas.
Após um intervalo de meia hora, o major Marcelo Gonzáles foi chamado a falar. Ele contou que a direção do presídio foi enfática quanto à necessidade de uso da força para debelar o motim. O julgamento está previsto para acabar nesta sexta-feira, 01.