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Cantareira pode operar no azul já no fim do ano, diz Cemaden

Segundo cálculos do Cemaden, o Cantareira chegaria ao final da estação chuvosa, em 31 de março de 2016, com 42,2% de sua capacidade normal


	Reserva técnica do Sistema Cantareira: segundo cálculos do Cemaden, o Cantareira chegaria ao final da estação chuvosa, em 31 de março de 2016, com 42,2% de sua capacidade normal
 (Divulgação/Sabesp)

Reserva técnica do Sistema Cantareira: segundo cálculos do Cemaden, o Cantareira chegaria ao final da estação chuvosa, em 31 de março de 2016, com 42,2% de sua capacidade normal (Divulgação/Sabesp)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2015 às 10h16.

São Paulo - Projeções feitas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do governo federal, mostram que o Sistema Cantareira pode recuperar o volume morto ainda neste ano. Caso chova dentro da média histórica nos próximos meses, aponta a simulação, o principal manancial paulista voltará a operar no azul (acima do nível zero) a partir de 22 de dezembro.

Neste cenário, segundo cálculos do Cemaden, o Cantareira chegaria ao final da estação chuvosa, em 31 de março de 2016, com 42,2% de sua capacidade normal, excluindo as reservas profundas.

Uma situação bem mais confortável que a registrada no mesmo período durante a crise hídrica: -10,3% em março deste ano, e 13,4% em 2014. No ano pré-crise (2013), o índice estava em 62,1% naquela data.

O volume morto começou a ser usado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em maio de 2014 como uma saída do governo Geraldo Alckmin (PSDB) para não decretar rodízio no abastecimento de água para a região metropolitana, onde 8,8 milhões de pessoas dependiam do Cantareira antes da crise.

Em um ano, a operação que bombeia a reserva estocada abaixo do nível das comportas já havia consumido R$ 120 milhões, incluindo as obras físicas.

As projeções do Cemaden constam do relatório do dia 8. O órgão, que faz esse monitoramento desde maio de 2014, considerou em seus cálculos que o volume de água retirado do Cantareira para atender a Grande São Paulo e a região de Campinas seja de 17 mil litros por segundo neste mês (a média atual é de 14,8 mil l/s), 13,5 mil l/s em novembro, conforme determinação dos órgãos reguladores, e 17 mil l/s entre dezembro e março.

Segundo as simulações, feitas com base em dados diários de precipitação e evapotranspiração potencial da água no manancial, o Cantareira pode recuperar o volume morto ainda mais rápido, em 63 dias, caso chova 25% acima da média nos próximos meses, e em 53 dias, se a chuva superar o esperado em 50%. Neste último caso, o sistema chegaria ao final de março com 100% da capacidade, segundo o Cemaden.

Dados da Sabesp mostram que na última estação chuvosa, de outubro de 2014 a março deste ano, choveu no Cantareira 1.020 milímetros, 16,3% abaixo da média histórica (1.161 mm).

Já na estação seca, de abril a setembro, o cenário melhorou e a precipitação acumulada na região foi apenas 2,1% abaixo do esperado, 389,3 mm, ante 397,5 mm de média. Neste mês, até a última sexta-feira, havia chovido 32,4% do esperado.

Mesmo se chover 25% abaixo do esperado nos próximos meses, mantida a exploração do sistema, com o racionamento de água feito na Grande São Paulo, o Cantareira pode recuperar o volume morto em 108 dias, ou seja, no dia 24 de janeiro, situação melhor do que a registrada na mesma data este ano.

Caso as chuvas fiquem 50% abaixo da média, a primeira cota do volume morto deve durar 176 dias. Ou seja, no início de abril de 2016, o sistema voltaria a usar a segunda reserva, que foi recuperada em fevereiro deste ano.

Contraponto

Projeções do especialista em recursos hídricos Samuel Barrêto, gerente da ONG internacional The Nature Conservancy (TNC), mostram um cenário futuro para o Cantareira menos otimista do que os apresentados pelo Cemaden.

Segundo ele, se chover dentro do esperado nos próximos meses, o sistema só deve atingir 40% da capacidade, considerado o nível de segurança do manancial, entre 2018 e 2020.

"Essa projeção considera o padrão histórico de precipitação e o padrão atual de consumo de água. Por isso é importante o alerta para a população de que a crise não passou e as pessoas devem continuar mobilizadas."

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