Nicolao Dino: "Afirmar que o MPF tem exagerado não condiz com a verdade" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de junho de 2017 às 17h18.
Rio - O quinto debate que ocorre nesta segunda-feira, 19, no Rio, entre os oito candidatos à formação da Lista Tríplice para procurador-geral da República tem entre os temas centrais a Operação Lava Jato.
Um dos candidatos fez ainda críticas a uma fala de hoje do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes.
O debate teve início por volta das 14h e continuava após as 16h.
O ministro Gilmar Mendes disse em outro evento, realizado em Pernambuco, que há abusos em investigações.
"Afirmar que o Ministério Público Federal (MPF) tem exagerado não condiz com a verdade. Venho aqui repudiar essa fala, que é um desserviço", disse o subprocurador-geral da República, Nicolao Dino, que faz parte da equipe do atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Outro candidato, o subprocurador geral da República, Eitel Santiago, disse que Mendes "tem sido complicado às vezes por falar demais".
Santiago também afirmou que se for escolhido para a vaga de procurador-geral da República dará continuidade às investigações "mas com obediência à lei". "Vou lutar para os colegas continuarem combatendo a corrupção."
Em tom de provocação, Santiago citou ainda que outra candidata, Raquel Dodge, teria o apoio de Mendes - ela é vista como uma das favoritas à lista, ao lado do subprocurador da República Mario Bonsaglia.
"Não procurei o ministro (da Justiça) Torquato (Jardim) ou Gilmar Mendes para que apoiassem o meu nome. Tenho me dirigido apenas internamente à classe. Mas caso entre na lista, farei contatos, como com o ministro da Justiça", respondeu Raquel Dodge.
A subprocuradora foi uma das candidatas que fizeram defesa da Operação Lava Jato.
"Não podemos regredir nem titubear, apoiarei a Lava Jato. Se necessário a ampliarei. A Lava Jato tem demonstrado que ninguém está acima da lei", disse Raquel.
O subprocurador Mario Bonsaglia disse que, caso eleito, a Lava Jato "vai prosseguir com toda firmeza e apoio".
Ele afirmou que dará prosseguimento às forças-tarefas de Curitiba, do Rio, entre outras.
Também houve críticas à atuação de Janot.
"Houve grande centralização durante a gestão de Rodrigo (Janot), o que não foi bom", disse a subprocuradora-geral da República Sandra Verônica Cureau.
Segundo ela, Janot disse uma vez que a destinação das verbas da Procuradoria seria inteiramente para a Lava Jato, em detrimento a outras investigações, referindo-se ao rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração da Samarco, no fim de 2015.
Os encontros anteriores entre os candidatos ocorreram em São Paulo, Porto Alegre, Belém e Recife.
Está prevista ainda uma nova rodada em Brasília, no dia 22, antes da definição dos escolhidos.
Em 27 de junho, 1.200 membros do Ministério Público Federal votam nos interessados à vaga.
Os três escolhidos formarão uma Lista Tríplice e serão indicados à escolha pelo presidente da República. Michel Temer poderá, no entanto, não optar por um dos nomes.
Se isso acontecer, vai romper com a tradição de indicar o nome mais votado pelos procuradores entre três apresentados pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Após a escolha de Temer, o escolhido será sabatinado e terá que ser aprovado pelo Senado.
Concorrem ao cargo os subprocuradores-gerais da República Carlos Frederico Santos, Eitel Santiago de Brito Pereira, Ela Wiecko Volkmer de Castilho, Franklin Rodrigues da Costa, Mario Luiz Bonsaglia, Nicolao Dino de Castro Costa e Neto, Raquel Elias Ferreira Dodge e Sandra Verônica Cureau.
O atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está no cargo desde 2014 e deixará a posição em setembro. Foram dois mandatos de dois anos cada.