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Candidato natural, Aécio finalmente disputará Presidência

Senador chega à posição que parece que seria sua desde que ganhou destaque nacional como presidente da Câmara dos Deputados em 2001


	Presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves
 (José Cruz/ABr)

Presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (José Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2014 às 18h00.

São Paulo - Para aliados, um gestor eficiente capaz de fazer auxiliares entregarem resultados e o homem certo para levar adiante a herança política do avô Tancredo Neves.

Para adversários, um político que controla a imprensa com pulso firme e um representante de Minas Gerais que passa tempo demais em festas no Rio de Janeiro.

Independentemente da opinião que desperte, o fato é que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) chega, finalmente, aos 54 anos, à posição que parece que seria sua, mais cedo ou mais tarde, desde que ganhou destaque nacional como presidente da Câmara dos Deputados em 2001: a candidatura à Presidência da República.

Apontado como postulante natural do PSDB ao Planalto na eleição de 2010 --depois das derrotas de José Serra, em 2002, e de Geraldo Alckmin, em 2006--, viu Serra impor seu nome mais uma vez e ser derrotado pela presidente Dilma Rousseff.

Aproveitou para eleger-se senador, depois de oito anos à frente do governo de Minas Gerais, e se posicionar como principal nome da oposição.

"Ele forma a equipe, estabelece o planejamento estratégico, fixa metas objetivas, supervisiona, descentraliza a gestão e cobra resultados", disse o deputado federal Marcus Pestana, presidente do diretório mineiro do PSDB, que foi secretário de Saúde do governo Aécio.

O tucano foi eleito no primeiro turno nas duas vezes que disputou o governo do Estado --teve 58 por cento dos votos em 2002 e 77 por cento em 2006-- e foi o governador melhor avaliado do Brasil, segundo o Datafolha, que ao término de 2009 apontou aprovação superior a 70 por cento para o tucano.

Com a marca do "choque de gestão", programa pelo qual enxugou a máquina pública, Aécio buscou o carimbo de gestor eficiente, mas em seu Estado, nem todos parecem concordar com esta marca.

"Indicadores colocam Minas Gerais com os maiores índices de desigualdade no país", disse a cientista política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Helcimara de Souza Telles.

Críticos do senador mineiro afirmam ainda que ele estabeleceu uma "censura" na imprensa do Estado, eliminando os espaços para opositores e garantindo que somente matérias favoráveis fossem publicadas.

E segundo esses adversários, a ferramenta escolhida foi o controle das verbas publicitárias, por meio da criação do Grupo Técnico de Comunicação, no qual Andrea Neves, a irmã de Aécio, é quem daria as cartas.

"Os órgãos de comunicação de Minas Gerais são mantidos com mãos de ferro", disse o deputado estadual Pompílio Canavez (PT), líder do bloco "Minas Sem Censura", que faz oposição ao governo tucano na Assembleia Legislativa do Estado.

Rio de Janeiro

Integrante da terceira geração de uma família de políticos --além de Tancredo, o outro avô, Tristão Cunha, era político, assim como o pai, Aécio Cunha - Aécio é elogiado por sua capacidade de articulação, que o colocou à frente de uma aliança improvável na eleição de 2008, quando PT e PSDB se uniram para eleger Márcio Lacerda (PSB), prefeito de Belo Horizonte.

Agora, com a pré-candidatura de Eduardo Campos à Presidência pelo PSB, a relação com os socialistas esfriou e a aliança no Estado parece estar perto do fim.

"O Aécio é um grande político. Teve excelente gestão no governo de Minas", disse o deputado federal Júlio Delgado, presidente do PSB mineiro, não economizando elogios ao tucano mesmo sendo o provável candidato socialista ao governo do Estado.

Divorciado e pai de uma filha, Aécio casou recentemente com a modelo Letícia Webber, 20 anos mais nova que ele e com quem acaba de ter gêmeos.

Amigo de celebridades, como o ex-jogador Ronaldo e o apresentador Luciano Huck, em 2011 foi parado numa blitz da Lei Seca, no Rio, com a carteira de habilitação vencida.

Se recusou a fazer o teste do bafômetro e, à época, argumentou que não fez o teste porque não poderia seguir guiando, já que estava com o documento vencido.

Sua presença frequente no Rio de Janeiro é, inclusive, um dos alvos prediletos de seus adversários políticos.

"O pessoal brinca que ele fez a Cidade Administrativa no meio do caminho para Confins para ficar mais fácil" as viagens para o Rio de Janeiro, disse o deputado estadual Sávio Souza Cruz (PMDB), um dos integrantes do "Minas Sem Censura", numa referência à nova sede do governo estadual, construída durante a gestão Aécio na mesma rodovia que leva ao aeroporto de Confins.

Para Pestana, no entanto, as críticas às viagens de Aécio ao Estado vizinho não passam de "folclore".

"A resposta para isso está nos resultados das últimas eleições", disse se referindo à reeleição de Aécio em 2006, à eleição de seu sucessor, Antonio Anastasia, em 2010, e a de Lacerda à prefeitura da capital em 2012, quando foi apoiado pelo senador contra um candidato do PT.

"Essa é a maior resposta a esse tipo de caricatura... E o resultado de 2014 também vai demonstrar isso", garantiu.

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