Campinas: a maior cidade do interior de São Paulo se destacou nas áreas de Economia e Tecnologia e Inovação (Germano Lüders/Exame)
Clara Cerioni
Publicado em 17 de setembro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 17 de setembro de 2019 às 11h48.
São Paulo — Campinas, maior cidade do interior de São Paulo, é considerada a mais inteligente e conectada do Brasil em 2019, segundo a quinta edição do Ranking Connected Smart Cities, divulgado nesta terça-feira (17).
O ranking é elaborado pela consultoria Urban Systems em parceria com a empresa de organização de eventos Sator. Esta é a primeira vez que esse estudo, antecipado com exclusividade por EXAME, elege uma cidade não capital como referência em desenvolvimento. Em 2015, a liderança ficou com o Rio de Janeiro, seguido nos dois anos seguintes por São Paulo e, em 2018, por Curitiba.
Na edição deste ano, Campinas se destacou nas áreas de economia, tecnologia e inovação (1º lugar), empreendedorismo (2º), governança (3º) e mobilidade (4º).
“Campinas fomenta o desenvolvimento tecnológico, tem estrutura e suporte para esse tipo de empresa, e também é um hub de educação, que permite desenvolver capital humano e também pensar soluções e estratégias para a cidade", diz Willian Rigon, diretor de marketing da Urban Systems.
Segundo destaca o levantamento, Campinas é referência em polo universitário, com a Unicamp e a Pontifícia Universidade Católica, polo tecnológico, polo de inovação e região industrial com forte apelo logístico e de distribuição.
Na cidade, quase um quarto de todos os empregos formais são ocupados por profissionais com ensino superior, 5,2% dos empregos formais estão no setor de Tecnologia da Informação e 94,5% dos empregos na cidade estão no setor privado.
Já em mobilidade, o aeroporto de Viracopos foi destaque não apenas pelo seu movimento de passageiros, mas também pelo potencial logístico, diz o relatório do Ranking Connected Smart Cities.
Para compor o indicador final, o estudo leva em consideração 70 indicadores, que têm relação com mobilidade, urbanismo, meio ambiente, tecnologia e inovação, economia, educação, saúde, segurança, empreendedorismo, governança e energia.
Na edição deste ano, o ranking incorporou seis indicadores novos baseados na Norma Técnica ISO 37120, que são o uso de veículos de baixa emissão de poluentes, dois critérios relativos à força de trabalho — percentual da força ocupada em setores de tecnologia e comunicação e percentual da força ocupada nos setores de educação e pesquisa —, numero de computadores e laptops em escolas públicas, percentual de resíduos plásticos recuperados na cidade e percentual da população que vive em regiões de baixa e media densidade.
Há uma pontuação de peso 1 para 69 variáveis e peso 0,5 para a escolaridade do prefeito. Dessa forma, a pontuação máxima deste ano é de 69,5. Campinas, a cidade primeira colocada, registrou 38,977 pontos.
Em seguida, aparecem São Paulo, Curitiba, Brasília e São Caetano. Das 100 cidades mais inteligente e conectadas deste ano, 67 estão no sudeste — 47 só no estado de São Paulo.
Para o ranking final, é feito um mapeamento em todas as cidades brasileiras com mais de 50 mil habitantes (666 municípios). Há avaliação de cidades entre 50 mil a 100 mil habitantes, de 100 a 500 mil e acima de 500 mil.
Paula Faria, idealizadora do Connected Smart Cities e Mobility, afirma que a proposta do ranking "não é criar competição entre as cidades, mas possibilitar que as boas iniciativas sejam compartilhadas".
Entre as 20 primeiras cidades do ranking, nenhuma é da região Nordeste. Recife, capital do Pernambuco, é o primeiro município dessa região na lista, na 23ª posição. Já na região Norte, a cidade mais inteligente e conectada é Palmas, capital do Tocantins, que está na 19ª posição.
De acordo com Willian Rigon, as cidades dessas regiões ainda têm muito a resolver em questões básicas, como, por exemplo, acesso à água, coleta e tratamento de esgoto, mortalidade infantil e educação. "Não adianta colocar Wi-Fi no poste e ter internet no celular mas não solucionar coleta de esgoto", diz.
Para resolver os problemas locais, o especialista recomenda incentivar a atuação de startups, que podem encontrar soluções em escala municipal e depois ampliá-las nacionalmente.
Além disso, ele afirma, é possível perceber uma melhora em indicadores de segurança quando há um efetivo policial maior e também melhor distribuição de renda.
"Cidades com menos problemas de educação — redução da evasão escolar, por exemplo — tendem a ter melhora de segurança. Para a cidade ser inteligente, ela tem que buscar equilíbrio em todos os eixos", conclui.
(Com João Pedro Caleiro)