Brasil

Campanhas têm de captar sentimentos

"Ainda existe um eleitor indeciso que precisa ser convencido e há por trás do eleitorado dois sentimentos não racionais que podem definir a opção"


	Debate: a capacidade de captar o desejo por mudança, no caso da campanha tucana, ou a insegurança com novo modelo, no caso do atual governo, é o que deve determinar a conquista de voto
 (Ricardo Moraes/Reuters)

Debate: a capacidade de captar o desejo por mudança, no caso da campanha tucana, ou a insegurança com novo modelo, no caso do atual governo, é o que deve determinar a conquista de voto (Ricardo Moraes/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2014 às 13h44.

São Paulo - Para convencer a parcela de indecisos nesta reta final das eleições, as campanhas de Aécio Neves (PSDB) e Dilma Roussef (PT) precisam ser capazes de mobilizar sentimentos do eleitorado.

Na avaliação do cientista político da Tendências Consultoria Integrada, Rafael Cortez, o último debate entre os presidenciáveis não trouxe nenhum fato novo capaz de direcionar o comportamento dos eleitores.

Segundo ele, a capacidade dos partidos de captar o desejo por mudança, no caso da campanha tucana, ou a insegurança com um novo modelo, no caso do atual governo, é o que deve determinar a conquista de voto de um maior porcentual de indecisos.

"Ainda existe um eleitor indeciso que precisa ser convencido e há por trás do eleitorado dois sentimentos não racionais que podem definir a opção por um ou outro candidato. No caso da Dilma, há um sentimento de insegurança em relação à mudança de governo, enquanto para o Aécio, o sentimento seria o de um desejo por mudança. Para tentar convencer esse eleitor, as campanhas precisam mobilizar essas sentimentos", afirmou Cortez ao Broadcast.

Em relação ao debate de ontem, o especialista disse acreditar que os temas abordados apenas reproduziram as estratégias já adotadas ao longo da campanha do segundo turno, o que no PT se traduz em uma comparação entre os dois modelos de governo e, no PSDB, em uma crítica ao governo, especialmente nos temas relativos à economia e corrupção.

"As perguntas expressam essas duas estratégias. Até mesmo a pergunta (do candidato tucano) sobre a reportagem da revista Veja não alterou muito essas estratégias", disse ele.

Segundo Cortez, devido à falta de novidades o debate não deve ter impacto significativo sobre as pesquisas de intenção de voto que serão divulgadas hoje.

Já os resultados dos levantamentos feitos nesta véspera das eleições podem provocar um efeito "manada" dos eleitores indecisos.

O especialista explica que, caso algum candidato desponte na frente nas pesquisas, a tendência é de que este eleitorado opte pelo nome com maior vantagem. "Agora é realmente um momento de decisão muito ancorada em emoções", reiterou.

Além da emoção, outro fator que pode fazer diferença no resultado das urnas amanhã é o índice de comparecimento dos eleitores, que deve ser inferior ao do primeiro turno.

Para o cientista político, a desconsideração desse fator pode ter acarretado numa superestimativa das intenções de voto na presidente Dilma apontada nas últimas pesquisas divulgadas pelos institutos Datafolha e Ibope.

Especificamente em São Paulo, Cortez considerou ainda que a crise de abastecimento de água no Estado, tema levantado ontem no debate, pode tirar parte da vantagem que Aécio possui neste colégio.

"As pesquisas já mostram que a Dilma tirou um pouco da vantagem na Região Sudeste e, em São Paulo, a questão da água pode ter pesado para isso", afirmou. Para Cortez, temas mais ligados ao cotidiano da população devem ter efeito maior reta final.

Acompanhe tudo sobre:aecio-nevesDilma RousseffEleiçõesEleições 2014PersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresTendências

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP