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Campanha de Nunes aposta em Tarcísio para reverter ascensão de Marçal

Governador assume papel estratégico na campanha de Nunes para atrair o eleitorado conservador em São Paulo

Nunes e Tarcísio: atual prefeito cola no governador para crescer nas pesquisas (Campanha Ricardo Nunes/Divulgação)

Nunes e Tarcísio: atual prefeito cola no governador para crescer nas pesquisas (Campanha Ricardo Nunes/Divulgação)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 4 de setembro de 2024 às 12h36.

Última atualização em 4 de setembro de 2024 às 18h59.

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A campanha do atual prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) aposta na figura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para reverter o atual quadro eleitoral, que mostra queda do emedebista nas pesquisas e a ascensão do influenciador Pablo Marçal (PRTB).

Em vídeo divulgado pelo QG de Nunes nesta quarta-feira, 4, que será veiculado nas propagandas de rádio e televisão, Tarcísio pede voto no atual prefeito e diz que “Marçal é a porta de entrada para Boulos”.

“Eu não quero que a esquerda ganhe. Eu não quero o Boulos”, afirma Tarcísio na peça publicitária.

O governador faz referência à pesquisa Quaest, divulgada na última semana, que mostra que Nunes vence o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) em um eventual segundo turno, enquanto o influenciador aparece tecnicamente empatado com o deputado, mas numericamente atrás.

"Todos os conservadores"

Em outro vídeo, divulgado na segunda-feira, Tarcísio se direcionou para "todos os conservadores" e disse que Nunes é “contra a ideologia de gênero, contra a liberação das drogas, contra a doutrinação nas escolas e a favor da vida desde a concepção”.

A influência de Tarcísio é vista como fundamental por aliados de Nunes para trazer de volta os votos da direita.

De acordo com a pesquisa Quaest, 26% dos paulistanos dizem que podem votar em um nome apoiado por Tarcísio, mesmo sem conhecê-lo. A taxa é igual à influência alcançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que apoia Boulos, e superior à do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é de 21%. A rejeição de um nome apoiado por Tarcísio é de 66%, enquanto a de Bolsonaro é de 74%.

Nas últimas semanas, Tarcísio intensificou a agenda com Nunes, com pelo menos três eventos, entre caminhadas e compromissos conjuntos. O governador prometeu intensificar ainda mais sua participação na campanha.

“Vamos intensificar, sim, para mostrar a importância da parceria. A parceria do governo do estado com a prefeitura dá resultado, não é possível resolver problemas numa cidade com 12 milhões de habitantes se não houver trabalho conjunto entre estado e prefeitura”, disse Tarcísio em agenda com Nunes na terça-feira.

Segundo aliados, o governador tem se empenhado pessoalmente na eleição da cidade, pois entende que Nunes é o melhor nome para que o governo do estado e a prefeitura continuem trabalhando em conjunto.

Um eventual governo Marçal é visto como prejudicial para a cidade, o que poderia impactar a avaliação da gestão estadual. Tarcísio chegou a dizer em entrevista que, em um segundo turno entre Marçal e Boulos, anularia o voto. Ele recuou após a reação negativa da família Bolsonaro.

Em paralelo ao mergulho no pleito em São Paulo, Tarcísio afirmou que conversará com Bolsonaro para trazer o ex-presidente para a campanha, com agenda pública e gravação de programa eleitoral com o atual prefeito.

“Vou conversar com o presidente só para ajustar essa questão, mas ele é uma pessoa super importante, a quem tenho toda a gratidão, uma pessoa que abençoou essa candidatura do Ricardo. A candidatura que dá resultado, e a melhor propaganda para a direita é o resultado. E é no resultado que a gente cresce, e as pessoas já mostram isso. O Ricardo vai para o segundo turno e é a pessoa que no segundo turno tem a melhor chance de vencer a esquerda aqui em São Paulo. É a aposta correta”, afirmou na ocasião.

Nunes é oficialmente apoiado por Bolsonaro, em uma costura que envolveu Tarcísio e a indicação do candidato a vice na chapa, o coronel Ricardo de Mello, que foi presidente da Ceagesp durante o governo Bolsonaro. Apesar disso, o ex-presidente participou, até o momento, apenas da convenção do MDB, que confirmou o nome de Nunes.

Nunes e Mello de araújo

Nunes e Mello de Araújo: candidato a vice foi indicação de Bolsonaro (Campanha Ricardo Nunes/Divulgação)

Marçal e o eleitorado bolsonarista

As pesquisas eleitorais da última semana mostraram um aumento da preferência pelo ex-coach, especialmente entre eleitores que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro e no governador de São Paulo em 2022.

Os filhos de Bolsonaro, Carlos e Eduardo, que estavam discutindo nas redes sociais com o ex-coach, fizeram as pazes com Marçal após a reação negativa do eleitorado bolsonarista.

Marçal, inclusive, deve participar da manifestação convocada por Bolsonaro no dia 7 de setembro. Em vídeo, o ex-presidente disse que “qualquer candidato a prefeito” de São Paulo poderia comparecer.

Na última segunda-feira, no Roda Viva, o influenciador afirmou que está tudo em paz com a família Bolsonaro, mas destacou que seu crescimento mostra que “a direita não tem dono”.

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