Ex-presidente: Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (AFP/AFP)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 28 de outubro de 2022 às 08h16.
Dentro da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) há uma meta muito clara em relação ao número de votos válidos que é preciso atingir neste segundo turno no Nordeste: pelo menos 70%. O objetivo, caso atingido, pode garantir um uma diferença de 40 pontos percentuais entre o petista e o presidente Jair Bolsonaro (PL) na região com o segundo maior colégio eleitoral do país - com 42 milhões de eleitores -, e pode neutralizar eventuais perdas de votos em estados estratégicos, como São Paulo e Minas Gerais.
No primeiro turno, Lula teve 67% dos votos válidos e Bolsonaro ficou com 26,8% entre o eleitorado nordestino. Ciro Gomes (PDT) recebeu 3,4%, e Simone Tebet (MDB), 2,1%, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A ideia da campanha do petista é “espremer” ainda mais os votos da região. A estratégia é usar governadores eleitos do partido, como Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Elmano de Freitas (Ceará), que estão nas ruas pedindo voto. Também estão engajados nessa missão prefeitos aliados, como João Campos (PSB), de Recife.
O alvo são os eleitores que votaram em Ciro e em Tebet -- ambos apoiam Lula neste segundo turno. A senadora "mergulhou" na campanha pelo petista, engajando-se em diversas agendas pelo país ao lado do ex-presidente, e Ciro Gomes tem apresentado seu apoio de forma tímida.
Na opinião do cientista político, sociólogo e diretor doInstituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), Antônio Lavareda, a estratégia de obter o máximo possível de votos no Nordeste faz sentido e pode ser decisiva para a eleição de Lula no domingo, dia 30. Diferentemente de 2018, nesta eleição, Bolsonaro não tem uma larga vantagem no Sudeste. O atual presidente teve 47,6% dos votos válidos, e Lula, 42,6%, na região. Há quatro anos, também no primeiro turno, Bolsonaro teve 53% dos votos válidos, e Fernando Haddad (PT) teve 19%.
Em 2018, Bolsonaro venceu em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, com 67,54% dos votos válidos. No primeiro turno desta eleição, o candidato à reeleição ficou com 47,71%, e Lula com 40,89%.
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“No caso de Minas Gerais, há aquela máxima de que quem ganha a eleição lá ganha no Brasil. Mas se Bolsonaro tirar uma vantagem pequena, de dois ou até quatro pontos, na matemática final da eleição poderemos ter a vitória de Lula, mesmo perdendo em Minas Gerais. Desta forma, interromperia esse ciclo de que ganhar entre o eleitorado mineiro garante a eleição”, diz Lavareda.
No primeiro turno, Lula saiu vitorioso em Minas Gerais (48,29% X 43,60%). No segundo turno, Bolsonaro ganhou um aliado de peso para tentar virar voto: o governador Romeu Zema (Novo). Como mostrado por EXAME, o governador reeleito aposta na força dos mais de 800 prefeitos mineiros para levar o presidente Bolsonaro (PL) à vitória.
No histórico das últimas eleições não seria a primeira vez que um candidato petista chegaria a 70% dos votos válidos no Nordeste em um segundo turno. No pleito de 2014, a ex-presidente Dilma Rousseff atingiu 71,69% dos votos válidos, e Aécio Neves (PSDB) teve 28,31%. Em 2018, Fernando Haddad ficou muito perto, com 69,7% dos votos válidos, e Bolsonaro terminou com 30,3% entre o eleitorado nordestino. Mas diferentemente de Dilma, o ex-prefeito de São Paulo não venceu em Minas Gerais.
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