Henrique Meirelles: "o equilíbrio tem que ser acertado normalmente. E vamos lidar com as consequências" (Valter Campanato/ABr)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2015 às 20h33.
Rio - O ex-presidente do Banco Central (BC) e presidente do conselho de administração da J&F Investimentos Henrique Meirelles defendeu nesta sexta-feira, 13, o câmbio flutuante, ao afirmar que o equilíbrio deve ser acertado normalmente.
"O equilíbrio tem que ser acertado normalmente. E vamos lidar com as consequências", afirmou Meirelles a jornalistas, após proferir a aula magna do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Centro Técnico Científico da PUC-Rio.
Meirelles recusou-se a estimar se o nível atual do dólar já seria o de equilíbrio, mas comentou que "a tendência é de depreciação", embora a alta de 7% apenas nesta semana não estivesse nas projeções.
"O (Boletim) Focus não previa essa subida", disse o ex-presidente do BC.
Segundo Meirelles, há razões externas e domésticas para a valorização do dólar. Enquanto a moeda norte-americana se fortalece no mundo todo, diante do maior crescimento econômico nos EUA e da expectativa de mudança na política monetária de lá, o déficit nas transações correntes, a questão da instabilidade política enfrentada pelo governo e o alto nível de incerteza na economia impulsionam ainda mais o movimento. Estimar o quanto cada tipo de fatores (externos ou domésticos) pesa na alta recente do dólar é difícil, afirmou Meirelles.
O ex-presidente do BC tampouco quis avaliar o quanto da depreciação recente do câmbio se deve a correções do passado e o quanto se deve a antecipações de movimentos futuros - como a mudança na política monetária norte-americana - e recusou-se a fazer comentários sobre os rumos da política monetária.
Mais cedo, durante a aula magna, Meirelles destacou o déficit nas transações correntes, que já chega, como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), aos patamares do início dos anos 2000. Ao citar dados sobre a economia brasileira, ele chamou atenção para o boom nos preços das commodities desde o início dos anos 2000.
"O Brasil passou a ter superávit nas transações correntes, o que foi importante para a estabilização", comentou Meirelles, para em seguida chamar atenção para a forte queda nas cotações de commodities a partir do ano passado. "Agora, voltou a crescer o déficit", ressaltou o ex-presidente do BC, para quem, na época do boom das commodities, "o real estava muito forte".