Brasil

Câmara votará só em março o refinanciamento de dívidas

Decreto do governo trata de mudanças no cálculo do refinanciamento de dívidas de estados e municípios com a União


	Câmara: o decreto do governo foi editado no fim de 2015 e prevê novos indexadores para o cálculo
 (Alex Ferreira/ Câmara dos Deputados)

Câmara: o decreto do governo foi editado no fim de 2015 e prevê novos indexadores para o cálculo (Alex Ferreira/ Câmara dos Deputados)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2016 às 18h08.

Brasília - A Câmara dos Deputados adiou a votação do projeto de decreto legislativo que anula decreto do governo, que trata de mudanças no cálculo do refinanciamento de dívidas de estados e municípios com a União.

O projeto de decreto (PDC 315/16), que pede a anulação do decreto do governo (8.616), era o primeiro item a ser votado na pauta de hoje (25) da Câmara.

Agora, a matéria será incluída, segundo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na pauta da sessão extraordinária da Casa, marcada para a próxima terça-feira (1º). O projeto é de autoria do deputado Esperidião Amin (PP-SC). 

O decreto do governo foi editado no fim de 2015 e prevê novos indexadores para o cálculo.

Na ocasião, o Palácio do Planalto informou que a mudança iria impactar em mais de 200 contratos e poderia garantir fôlego aos caixas dos estados e municípios, pois poderia reduzir futuros pagamentos.

De acordo com o governo, seria concedido desconto sobre os saldos devedores dos contratos de refinanciamento de dívidas, a partir da diferença entre os saldos existentes em 1º de janeiro de 2013 e o apurado na data da negociação, considerando a variação acumulada da taxa Selic, calculada desde a data de assinatura dos contratos.

Apesar de o Ministério da Fazenda garantir que a medida não afetaria a situação dos municípios, estados e do Distrito federal, Esperidião Amin disse que a nova metodologia aumenta o valor do refinanciamento.

“É nociva ao pacto federativo e ilegitimamente revogadora da Lei Complementar nº148, de 2014 [legislação que trata do refinanciamento]”. 

“Em muitos casos, estados e municípios, que desde 1998 vêm cumprindo o compromisso de pagar valores corrigidos desse débito, desembolsaram montante que chega a quase quatro vezes o valor inicial da dívida”, acrescentou.

Acordo 

Ao iniciar as discussões de hoje, o presidente da Câmara afirmou que havia um acordo entre líderes partidários para que a votação do projeto fosse concluída hoje.

Já o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que a base aliada só votaria a matéria se o plenário também analisasse a Medida Provisória 694/15, que reduz benefícios fiscais a diversos setores.

A MP, prorrogada até o dia 8 de março, é uma estratégia do governo federal para aumentar a arrecadação deste ano. A declaração de Guimarães provocou reações de partidos da oposição e de Cunha.

“Daqui para frente, deputado José Guimarães, acordos com Vossa Excelência, só no microfone. Acabou a confiabilidade para acordos que não sejam públicos”, disse Eduardo Cunha.

Guimarães rebateu e afirmou que o acordo entre os líderes era para a não obstrução, mas não tratava sobre o mérito do projeto. “Tenho honrado todos os meus compromissos”, afirmou.

Segundo Eduardo Cunha, a decisão da base aliada, de não apreciar o projeto de decreto legislativo, ameaça a votação de medidas provisórias que estão na fila, como a MP 693, que prevê isenção de tributos para empresas que irão fornecer energia durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 e concede porte de arma de fogo aos auditores e analistas tributários da Receita Federal.

A MP ainda não entrou na pauta de votações da Casa.

Na Câmara, há um acerto de não apreciar uma proposta se o prazo para o fim da validade for inferior a 15 dias. “Praticamente as duas medidas provisórias [MP 693 e MP 694] vão ser derrubadas”, disse o presidente da Câmara.

Sobre o futuro das MPs, o líder do governo Guimarães afirmou que há tempo para a apreciação. “A MP tranca a pauta. Vamos votar na terça ou quarta. Tem até 8 de março [validade da MP 694} para buscar entendimento e votar aqui e no Senado”, afirmou.

Pré-sal

Questionado sobre o projeto de lei que acaba com a participação obrigatória da Petrobras na exploração dos campos do pré-sal, aprovado ontem (24) pelo Senado, Guimarães disse que ter sido um erro.

“[O projeto] é um erro e foi uma derrota importante para Petrobras. Fazer qualquer discussão que gere instabilidade na Petrobras não é o melhor caminho. Vamos discutir a matéria quando chegar na Câmara”, afirmou Guimarães.

O texto aprovado pelos senadores ainda será enviado para a Câmara. Pela proposta, a Petrobras terá a prerrogativa de escolher se quer ser operadora do campo ou se prefere se abster da exploração mínima de 30% a que a lei a obriga atualmente.

“Há projetos sobre o mesmo tema na Câmara. Vamos sempre dar preferência para o projeto da Casa. O que veio de lá não sei se vai ter ou não apoiamento, mas, pelo que li, achei o texto muito ruim. Pior do que está tramitando na Casa”, avaliou Eduardo Cunha.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosDívidas de paísesDívidas empresariaisPolítica no Brasil

Mais de Brasil

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU