Plenário da Câmara dos Deputados (Adriano Machado/Reuters)
Alessandra Azevedo
Publicado em 3 de fevereiro de 2021 às 13h47.
A Câmara elegeu nesta quarta-feira, 3, os deputados que farão parte da nova Mesa Diretora, com três dos sete postos titulares ocupados por mulheres, um recorde de participação feminina. Com o novo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), os dois vice-presidentes e quatro secretários eleitos serão responsáveis pela condução dos trabalhos legislativos e por decisões administrativas e orçamentárias da Câmara pelos próximos dois anos.
Os partidos do bloco de apoio a Lira ficaram com quatro das seis vagas de titulares, além da presidência da Casa: as duas vice-presidências e duas secretarias, a terceira e a quarta. O outro bloco, que apoiava Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência, ficou com dois cargos titulares: a primeira e a segunda secretarias. As quatro suplências foram divididas igualmente, duas para cada.
Para a primeira vice-presidência foi eleito o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), único candidato registrado, que recebeu 396 votos. A segunda vice-presidência, cargo que ficou nas mãos do PSD, ficou com André de Paula (PSD-PE). Candidato oficial da bancada, ele teve 270 votos. Os outros dois nomes, que se lançaram como avulsos, Delegado Éder Mauro (PSD-PA) e Júlio Cesar (PSD-PI), tiveram 121 e 43, respectivamente.
A primeira secretaria ficou com o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), candidato oficial do partido, com 298 votos. O deputado Léo Motta (PSL-MG) se candidatou como avulso e teve 170 votos. A deputada Rose Modesto (PSDB-MS) ficou com a terceira secretaria e Rosângela Gomes (Republicanos-RJ), com a quarta. As duas foram candidatas únicas, conforme o acordo feito entre os partidos.
A disputa pela segunda secretaria foi a única que precisou de uma segunda rodada de votação. A disputa ficou entre Marília Arraes (PT-PE), que se candidatou como avulsa, e João Daniel (PT-SE), candidato oficial do partido. A vencedora foi Marília Arraes, com 192 votos, mesmo sem apoio oficial do PT. João Daniel teve 168. No primeiro turno, o resultado ficou quase empatado: 172 para a deputada e 166 para o deputado.
Paulo Guedes (PT-MG), que também se lançou como avulso para a segunda secretaria, teve 54 votos na primeira rodada. As suplências ficaram com Eduardo Bismarck (PDT-CE), Gilberto Nascimento (PSC-SP), Alexandre Leite (DEM-SP) e Cassio Andrade (PSB-PA).
A definição da Mesa Diretora foi conturbada. Apesar do acordo anunciado por Lira na terça-feira, 2, seis deputados lançaram candidaturas avulsas. Assim que foi eleito, no dia 1º, Lira anulou a criação do bloco partidário que sustentava a campanha do rival, Baleia Rossi (MDB-SP), por um atraso no registro. Sem bloco formalizado, o grupo de dez partidos perdeu a prioridade na escolha de cargos e ameaçou travar a pauta de votações, caso o presidente não voltasse atrás.
Diante da repercussão da mudança, a distribuição dos cargos foi rediscutida em reunião entre líderes partidários na última terça-feira. A decisão foi a seguinte: das dez vagas disponíveis — duas vice-presidências, quatro secretarias e quatro suplências —, seis ficariam com o bloco de Lira: quatro de titulares e duas de suplentes. As outras quatro (duas titulares e duas suplentes) seriam ocupadas por deputados do bloco de oposição. Nesse ponto, o acordo foi mantido.
Segundo Lira, o combinado era que, definidos os cargos e os nomes oficiais, não fossem lançados candidatos avulsos — ou seja, sem aval do partido. Cada bancada lançaria um candidato. “Tinha-se o acordo de não termos candidaturas avulsas ou de priorizarmos as candidaturas oficiais”, lembrou Lira, no plenário. Ainda assim, nem todos os partidos cumpriram o acordo. Na eleição, vários deputados lançaram candidaturas avulsas, fora do combinado.