Brasil

Câmara aprova texto-base da MP que cria o programa Casa Verde e Amarela

Substituto do Minha Casa Minha Vida prevê financiamento para construção, aluguel e reformas de casas para famílias com renda de até 7 mil reais mensais

Lula vem afirmando que o governo vai acelerar a entrega atrasada de obras do Minha Casa Minha Vida, ainda contratadas na gestão de Dilma Rousseff (PT) (Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação)

Lula vem afirmando que o governo vai acelerar a entrega atrasada de obras do Minha Casa Minha Vida, ainda contratadas na gestão de Dilma Rousseff (PT) (Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação)

AA

Alessandra Azevedo

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 17h26.

Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 17h31.

Após mais de seis horas de discussão no plenário, a Câmara aprovou nesta quinta-feira, 3, o texto-base da Medida Provisória (MP) 996, que cria o programa habitacional Casa Verde e Amarela, substituto do Minha Casa, Minha Vida, criado em 2009, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O placar foi de 367 votos a favor e sete contra, além de uma abstenção.

Enviado pelo governo em agosto, o projeto ainda precisa ser avaliado pelo Senado. Os deputados analisam agora destaques, que são sugestões de mudanças pontuais no texto já aprovado.

O novo programa prevê financiamento para construção, aluguel e pequenas reformas de casas para famílias com renda de até 7 mil reais mensais, na área urbana, e 84 mil reais por ano, na área rural, com regras mais benéficas para as regiões Norte e Nordeste. Segundo o relator, Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), “não se trata de mera substituição do programa anterior, mas melhora a execução das ações, promovendo eficiência de recursos públicos”. 

Bulhões manteve o texto com poucas alterações em relação ao original. A meta do governo é construir mais 350 mil unidades habitacionais a partir do novo programa. Com as obras já em andamento pelo MCMV, a estimativa é que seja possível chegar a 1,6 milhão em quatro anos. A principal fonte de recursos dos financiamentos continua sendo o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).  

 

O Casa Verde e Amarela contempla três grupos, não quatro faixas, como no MCMV. Para o primeiro, de famílias com renda de até 2 mil reais por mês, o programa permite subsídio de imóveis e financiamento com juros reduzidos. As taxas começam em 4,25% ao ano, no Norte e no Nordeste, e 4,5% ao ano nas demais regiões do país. No MCMV, a menor taxa é de 5%, para beneficiários com renda até 2,6 mil reais, sem considerar quem ganha até 1,8 mil reais, que tem condições especiais.

No segundo grupo, com renda entre 2 mil reais e 4 mil reais, as taxas dos financiamentos são a partir de 4,75% ao ano, no Nordeste e no Norte, e a partir de 5% ao ano nas demais regiões. Os incentivos maiores para o Norte e o Nordeste são uma tentativa do presidente Jair Bolsonaro de consolidar a popularidade nas regiões, tradicionais redutos petistas. Para o último grupo atendido, de 4 mil reais a 7 mil reais, as taxas começam em 7,66% ao ano, em todas as regiões.

Novidades

O programa também prevê que uma frente de regularização fundiária, em parceria com estados e prefeituras. O objetivo é regularizar 2 milhões de casas e fazer melhorias em 400 mil até 2024. Famílias com renda de até 5 mil reais e que moram em núcleos urbanos informais fora de áreas de risco serão beneficiadas.

Além disso, o programa atuará na reforma e na ampliação dos imóveis. A proposta inclui construção de telhado, quarto, banheiro, piso e instalações elétricas ou hidráulicas. O Casa Verde e Amarela também prevê instalação de equipamentos de aquecimento solar ou de eficiência energética. As obras serão bancadas pelo Fundo de Desenvolvimento Social (FDS). 

 

“O programa não está agora restrito à mera construção física de unidades habitacionais, mas amplia seu alcance envolvendo regularização fundiária, infraestrutura, sociabilidade e oferta de equipamentos de serviços públicos”, comentou o relator. O texto também permite que o Executivo mude, por decreto, o valor máximo dos imóveis financiados e as faixas de renda das famílias. 

Faixa 1

A oposição apresentou emendas e fez pedidos no plenário para que o relator incluísse famílias de baixíssima renda, que ganham até 1,8 mil reais por mês ou seja, se enquadravam na faixa 1 do Minha Casa Minha Vida. Pelo MCMV, o governo dava subsídio de até 90% do valor do imóvel para essa faixa, que pagava parcelas fixas de, no máximo, 270 reais por mês. 

O Executivo alega que não tem recursos orçamentários para incluir o grupo, mas garante que as regras do MCMV serão respeitadas até o fim dos contratos atuais, inclusive com a entrega das casas já contratadas. Pelo texto aprovado na Câmara, as instituições financeiras que têm pendências com o programa terão prazos maiores para cumprimento dos contratos. 

Além disso, os beneficiários do faixa 1 que estiverem com pagamentos atrasados poderão renegociar as parcelas. Antes, essa possibilidade era proibida por lei. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, afirma que será possível regularizar a situação de mais de 500 mil famílias com essa medida. 

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosCongressoHabitação no BrasilMinha Casa Minha Vida

Mais de Brasil

Justiça nega pedido da prefeitura de SP para multar 99 no caso de mototáxi

Carta aberta de servidores do IBGE acusa gestão Pochmann de viés autoritário, político e midiático

Ministra interina diz que Brasil vai analisar decisões de Trump: 'Ele pode falar o que quiser'

Bastidores: pauta ambiental, esvaziamento da COP30 e tarifaço de Trump preocupam Planalto