PL da Anistia: Câmara dos Deputados aprova projeto de anistia aos envolvidos em atos antidemocráticos (Bruno Spada/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)
Repórter
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 22h39.
Última atualização em 17 de setembro de 2025 às 23h00.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 17, o regime de urgência do projeto de lei que prevê anistia a envolvidos em atos golpistas. No total, foram 311 votos a favor, 166 contra e 7 abstenções.
O requerimento acelera a tramitação de uma proposta apresentada em 2022 pelo deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) que prevê perdão a todos que participaram de "manifestações política e/ou eleitoral" desde 30 de outubro de 2022 até a data de sua entrada em vigor.
A votação foi confirmada mais cedo pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que ainda decidirá o novo relator do projeto.
"Vamos hoje pautar a urgência de um projeto de lei do deputado Marcelo Crivella para discutir o tema. Se for aprovada, um relator será nomeado para que possamos chegar, o mais rápido possível, a um texto substitutivo que encontre o apoio da maioria ampla da casa", afirmou o presidente da Câmara em uma rede social.
A votação da urgência ocorre menos de uma semana após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a uma pena de 27 anos por tentativa de golpe e outros quatro crimes.
A proposta ainda não foi definitivamente estabelecida. Para agilizar o processo, a Câmara utilizou o projeto já elaborado pelo deputado Marcelo Crivella. No entanto, isso não garante que esse será o texto final. Hugo Motta afirmou que ainda haverá debates sobre o tema.
Portanto, não está claro se a versão que será votada pela Câmara — sem data definida para a votação — incluirá ou não uma anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado.
Ao abrir a sessão, o presidente da Câmara afirmou "não ter compromisso com nenhuma pauta que traga ainda mais polarização" no país e que, caso a urgência seja aprovada, a intenção é discutir um texto que busque "pacificação".
"Quero antes de dar o start dizer que essa é a pauta única hoje. A orientação da presidência é deliberar sobre essa questão da anistia, mas dizer que se o requerimento for aprovado será construir com o relator um trabalho que traga a pacificação", disse Motta.
Nos bastidores, no entanto, líderes partidários avaliam que o mérito não deve ser discutido na próxima semana. Com a votação de hoje, Motta teria conseguido acalmar a oposição com seu gesto e agora deverá buscar uma abordagem mais moderada. O relator será definido nesta quinta-feira, e a expectativa é que o escolhido seja um nome do Centrão. O deputado Tião Medeiros (PP-PR) está entre os possíveis indicados para o cargo, segundo informações do jornal O Globo.
A sessão foi marcada por protestos por parte dos governistas e uma forte defesa da proposta pela oposição. As intervenções dos opositores foram interrompidas por gritos de "sem anistia", e, em alguns momentos, Motta precisou pedir respeito para que o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), pudesse concluir seu pronunciamento. Ele reconheceu que ainda não há consenso sobre a votação do mérito.
"Hoje aprovando essa urgência, vamos buscar com equilíbrio para fazer justiça a essas pessoas condenadas de forma vingativa. Quero dizer que, com a aprovação desta urgência, não colocaremos a faca no pescoço do presidente e nenhum dos líderes ou bancadas para discutir o mérito no dia de hoje. Somos um partido da pacificação".
A aprovação do regime de urgência representa uma derrota para o Palácio do Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já reforçou a posição do governo contra a proposta.