Brasil

Câmara aprova projeto que resgata "Carteira Verde e Amarela" de Guedes; governo libera votação

O texto flexibiliza regras trabalhistas para a contratação de jovens entre 18 e 29 anos e de pessoas com mais de 50 anos

Carteira Verde e Amarela: ederações lideradas pelo PT e pelo PSOL orientaram seus parlamentares a votar contra o projeto (MyKe Sena/Câmara dos Deputados Fonte: Agência Câmara de Notícias/Flickr)

Carteira Verde e Amarela: ederações lideradas pelo PT e pelo PSOL orientaram seus parlamentares a votar contra o projeto (MyKe Sena/Câmara dos Deputados Fonte: Agência Câmara de Notícias/Flickr)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 22 de novembro de 2023 às 08h18.

Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 08h21.

A Câmara aprovou na noite desta terça-feira, 21, um projeto que resgata a chamada "Carteira Verde e Amarela", proposta na gestão Bolsonaro pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes. Foram 286 votos favoráveis e 91 contrários à proposta, que vai para análise do Senado. O texto flexibiliza regras trabalhistas para a contratação de jovens entre 18 e 29 anos e de pessoas com mais de 50 anos.

As federações lideradas pelo PT e pelo PSOL orientaram seus parlamentares a votar contra o projeto, mas a liderança do governo Lula liberou os deputados para se posicionarem como quisessem. A aprovação foi garantida pelos partidos do Centrão, incluindo integrantes da base aliada, que se uniram ao PL e ao Novo no apoio à proposta, relatada pela deputada Adriana Ventura (Novo-SP). Segundo ela, houve um acordo com o Palácio do Planalto para a votação.

O projeto permite a contratação de jovens entre 18 e 29 anos que não tenham vínculo empregatício anterior, ou seja, que estejam procurando o primeiro emprego formal, com redução no valor da cobrança para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e na contribuição para a Previdência Social. O mesmo vale para pessoas com mais de 50 anos que estejam desempregadas há mais de 12 meses e queiram se recolocar no mercado.

A alíquota do depósito para o FGTS é reduzida, segundo a proposta, de 8% a 2% no caso das microempresas; a 4% quando for empresa de pequeno porte, entidade sem fins lucrativos, entidade filantrópica, associação ou sindicato; e a 6% para as demais empresas. Já a contribuição social da empresa à Seguridade Social passa de 20% para 10% do salário do trabalhador.

Pelo projeto, o contrato deve ter vigência mínima de seis meses e máxima de 24 meses. A jornada de trabalho é de no máximo oito horas diárias e 44 horas semanais, mas é permitida a redução por meio de acordo individual ou coletivo ou via legislação especial.

Os jovens contratados nessa modalidade têm de estar regularmente matriculados em cursos de educação superior, educação profissional e tecnológica ou educação de jovens e adultos; ou concluído o ensino superior ou a educação profissional e tecnológica. Quem não tiver finalizado algum desses cursos e estiver fora da sala de aula terá o prazo de dois meses para apresentar a matrícula.

A contratação de trabalhadores em primeiro emprego nessas condições, de acordo com o projeto, fica limitada a 10% do total de empregados da empresa, usando como base o número de funcionários no ano anterior. Com isso, as empresas com até 10 funcionários, por exemplo, ficam autorizadas a contratar um empregado nessa modalidade; já as empresas que têm de 11 a 25 empregados poderiam contratar até três funcionários nesse modelo. O mesmo vale para a contratação de pessoas acima de 50 anos que estejam em busca de recolocação profissional.

"É uma proposta de trazer pela porta dos fundos, de uma maneira sorrateira, a proposta da Carteira Verde e Amarela. Nem no governo Bolsonaro essa Casa aprovou isso", criticou o líder do PSOL na Câmara, deputado Guilherme Boulos (SP), que apresentou um requerimento para retirar o projeto de pauta, mas acabou derrotado. A Carteira Verde e Amarela foi instituída no governo anterior por meio de uma Medida Provisória (MP) que perdeu a validade sem ser analisada.

"Todos os direitos estão preservados. A única coisa que a gente negociou, e que foi feito acordo, inclusive, com o governo, é que há uma redução no recolhimento do Fundo de Garantia e que há uma redução do INSS patronal, para viabilizar a proposta", declarou Adriana Ventura, no plenário. "Aqui não tem precarização de direito, aqui tem geração de oportunidade para gerar emprego", emendou a relatora.

Acompanhe tudo sobre:Governo

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas