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Calouro abandona curso de medicina após trote violento

Luiz Fernando Alves sofreu ferimentos físicos, perdeu a consciência e foi encontrado seminu, na beira da piscina de um clube de Rio Preto


	Calouros em trote: Alves denunciou à polícia que foi obrigado, junto com outros alunos, a consumir bebida alcoólica e a ficar de joelhos
 (Reprodução/Youtube)

Calouros em trote: Alves denunciou à polícia que foi obrigado, junto com outros alunos, a consumir bebida alcoólica e a ficar de joelhos (Reprodução/Youtube)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2014 às 18h40.

São José do Rio Preto - Um calouro da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) abandonou a escola após ser hostilizado em trote violento. Luiz Fernando Alves, de 22 anos, sofreu ferimentos físicos, perdeu a consciência e foi encontrado seminu, na beira da piscina de um clube de Rio Preto, onde era realizada a Festa do Bicho, na noite de terça-feira, 18. Esta escola foi encampada pela Universidade Estadual do Estado de São Paulo (Unesp), portanto, é uma escola pública.

Alves denunciou à polícia que foi obrigado, junto com outros alunos, a consumir bebida alcoólica e a ficar de joelhos, enquanto veteranos despejavam cerveja gelada em seu corpo, batendo com as garrafas em sua cabeça. Foi empurrado e agredido com socos e pontapés, enquanto urinavam e vomitavam em seu corpo. As agressões foram tantas que perdeu os sentidos e, quando acordou, estava seminu, na beira da piscina, com o corpo coberto por vômito e urina. Segundo Alves, além dele, outros rapazes e moças sofreram as mesmas agressões.

No dia seguinte, ao comentar que reclamaria com o diretor da faculdade, começou a receber ameaças de morte, o que o fez abandonar a faculdade e voltar para Contagem (MG), onde moram seus familiares. Antes de partir, na sexta-feira, 21, ele fez um Boletim de Ocorrência denunciando as agressões.

"Meu filho sofreu ferimentos na coxa, na mão e no rosto e teve uma das orelhas cortada", contou nesta segunda-feira, 24, a mãe de Luiz, Flordelice Hudson. "Ele está em consulta com o psicólogo agora, está com muito medo", disse. "Não queremos que os alunos sejam punidos, que eles terminem o curso deles. Só queremos que meu filho seja transferido para outra escola", contou. Segundo Flordelice, a família não quer que o jovem retorne a Rio Preto. "Não sabemos o que pode acontecer se ele voltar."

"Meu filho passou quatro anos estudando para o vestibular e estava feliz porque a escola é gratuita e não temos dinheiro para pagar ensino particular", diz. "Ele não tem pai com dinheiro não, aqui somos eu, ele e o irmão dele, que é deficiente", acrescentou Flordelice, que é pensionista há seis anos, desde que o pai de Luiz morreu.

Em nota, a Famerp informou que abriu sindicância e que vai punir assim que identificar os alunos responsáveis pelos trotes. O delegado do 5º Distrito Policial, Airton Douglas Honorário, disse que estava à espera do Boletim de Ocorrência para iniciar a apuração do caso, que deve ser apurado como lesões corporais.

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