Governo: Para Mourão, Moro não deveria ter publicado conversas com Bolsonaro (Romério Cunha/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de maio de 2020 às 12h21.
Na "live" da qual participa nesta manhã com o Instituto Brasil 200, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse que o que falta no País é cada um saber o "tamanho da sua cadeira". A afirmação foi uma resposta à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de barrar a posse do diretor-geral da Polícia Federal, Alexandre Ramagem. Mourão disse que a decisão do ministro Alexandre de Moraes do STF foi tomada com base na presunção de que ele é próximo da família Bolsonaro. "A Constituição é clara e coloca que os Poderes são independentes e harmônicos."
Na "live", com a participação do presidente do Instituto Brasil 200, Gabriel Kanner, Mourão disse que cada Poder tem sua responsabilidade de limites e desde outros governos há interferências do Legislativo e do Judiciário no Executivo. "Cada um tem de entender o tamanho de sua cadeira, é o que falta ao País."
Mourão voltou a dizer que "às vezes falta entender que o poder público exauriu sua capacidade de atender os problemas do País, pois está sem recursos".
Ao falar do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, o vice-presidente teceu elogios ao ex-juiz condutor da Lava Jato. Mencionou a "aura" de competência que pairava sobre ele. "Não resta dúvida de que no imaginário da população, o trabalho do então juiz Moro foi digno". E continuou: "quando juiz, ele não tinha que responder a um comandante supremo. No Ministério, é preciso responder ao presidente da República."
Mourão argumentou que houve um momento em que essa relação de o ministro ser subordinado ao mandatário não ocorreu, e a saída de Moro se concretizou. "Sua saída pode ter sido um problema pelo que ele representa para a sociedade brasileira. Mas creio que discussões no seio do governo devem continuar ali", criticou. Para Mourão, o ex-titular da Justiça não deveria ter levado a público as conversas com o mandatário. "Quando expõe diálogos internos do governo, isso não é bom."