Cabral revelou que o planejamento desta operação foi iniciado a cerca de quatro meses a partir de uma reunião reservada com Dilma (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2011 às 11h19.
Rio - Com a conquista da favela da Rocinha em apenas duas horas, o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), telefonou para a presidente Dilma Rousseff e para o ex-presidente Luz Inácio Lula da Sila para relatar o sucesso da operação conduzida pelas forças de segurança na madrugada deste domingo.
Cabral chegou ao centro de Operações, montado no 23º Batalhão da Polícia Militar (BPM), no Leblon, pouco depois de ter conversado por cerca de 30 minutos com Dilma.
Cabral revelou que o planejamento desta operação foi iniciado a cerca de quatro meses a partir de uma reunião reservada com Dilma em São Paulo, na qual o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, revelou os planos para a presidente e pediu a extensão da presença das tropas do Exército no Complexo do Alemão como forma de viabilizar o efetivo para a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha. "Os militares ficam no Alemão até 31 de junho de 2012", disse o governador. "Hoje é mais um dia histórico de virada de página do Rio."
UPP
Apesar das dificuldades para acelerar o cronograma de formação de novos policiais para atuar nas UPPs, Beltrame afirmou que o governo fluminense tem condições de continuar o plano para atingir 40 UPPs. Ele admitiu que ainda terá de enfrentar dificuldades no recrutamento, formação e remuneração dos policiais no Estado, mas disse que a expansão das UPPs está seguindo um "passo seguro".
Embora o governador do Rio tenha relatado que pediu a prorrogação da presença do Exército no Complexo do Alemão até junho do ano que em para viabilizar a UPP da Rocinha, Beltrame disse que os concursos públicos para contratar novos policiais estão garantidos. Para o secretário, o sucesso de mais uma tomada de favela do tráfico sem confrontos está baseado na união de instituições de vários níveis de governo em torno do que ele chama de filosofia. "Ação combinada e quebra de paradigma territorial. Esses são os trunfos do Rio de Janeiro que a população tem hoje", resumiu.
Beltrame disse que a ocupação da Rocinha encerra a primeira fase da estratégia iniciada há um mês, que consistiu no enfraquecimento da facção criminosa que dominava a Rocinha, a Amigo dos Amigos (ADA), com incursões em outras favelas da quadrilha. Segundo ele, a série de prisões que culminou na captura de Antonio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico na Rocinha, na última quarta-feira, contribuiu para o sucesso da operação de hoje.
No entanto, Beltrame afirmou que começa agora uma segunda fase, de varredura da comunidade para localizar outros criminosos, drogas e arsenais, que pode ser mais lenta.
"Armas, drogas, munição, pessoas, isso é importante. Mas devolver a dignidade e o território para quem não tinha não é pouco", disse.