(Gerardo Vieyra/NurPhoto/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 10 de abril de 2021 às 09h00.
A pandemia de covid-19 trouxe o tema da vacina para praticamente todas as conversas e preocupações com a saúde dos brasileiros. Apesar de ainda não existir um imunizante contra o coronavírus no mercado privado, o setor viu um reflexo deste debate, com o aumento na procura por uma proteção contra outras doenças no último ano.
Entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, as buscas por imunizantes na plataforma Vacinas.net saltaram para 10.000 por mês, um crescimento de 1.000% no período. No último ano, foram aplicadas 1.500 doses por intermédio do marketplace, considerando apenas as pessoas físicas. Este número salta para 40.000, se levar em conta a venda para mercado corporativo.
“O brasileiro não tinha a cultura de procurar vacinação por meio de uma plataforma online. A gente funciona como um hub de quem precisa de vacina para quem vende. Com a pandemia, as clínicas de vacinação precisaram fazer a transição para o mercado digital, e nós estávamos prontos”, explica Marcos Tendler, Fundador e CEO da Vacinas.net.
O Vacinas.net é um marketplace de vacinação que surgiu no mesmo momento em que os primeiros casos de covid-19 começaram a ser relatados no Brasil. Atualmente está presente em 15 estados, 11 capitais, cobre mais de 400 municípios e conta com cerca de 80 clínicas.
A campanha de vacinação contra a gripe pelo Sistema Único de Saúde (SUS) começa na segunda-feira, 12, mas no mercado privado ela já está disponível. Como só é oferecida, de forma gratuita, a grupos prioritários, muitas pessoas que não são contempladas buscam este reforço na proteção contra a doença.
“O mercado privado, apesar de ter mais de 40 vacinas registradas, a da gripe é um grande desejo. Temos também outras três vacinas que são as mais desejadas pelos consumidores: a hexavalente [contra difteria, tétano, e outras infecções graves], pneumocócica conjugada, e uma outra contra o rotavírus. Todas são aplicadas em bebês”, diz Marcos Tendler.
Ainda não há uma definição quando o mercado privado vai poder disponibilizar uma vacina contra a covid-19. A Câmara aprovou na última quarta-feira, 7, o projeto de lei que permite a compra de vacinas contra a covid-19 por empresas sem a obrigatoriedade de doação total das doses ao Sistema Único de Saúde (SUS), permitindo que empresas possam comprar vacinas para imunizar suas forças de trabalho.
O projeto também autoriza a aquisição de imunizantes com aval de uso concedido por qualquer autoridade sanitária estrangeira "reconhecida e certificada" pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em outros países, ou seja, mesmo sem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O projeto segue agora para votação no Senado.
A Associação Brasileira de Clínicas de Vacina (ABCVAC) assinou recentemente uma intenção de compra de 5 milhões de doses da vacina Covaxin, imunizante fabricado pela farmacêutica indiana Bharat Biotech e comercializado pela Precisa Medicamentos no Brasil. Outros laboratórios chegaram a ser contactados pela entidade, mas informaram não haver disponibilidade por estarem focados no fornecimento a governos.
A aplicação ainda depende da liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na semana passada, a agência proibiu a importação da vacina, alegando falta de documentos no pedido.
(Com Maria Clara Dias)