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Busca por brasileiros desaparecidos nas Bahamas continua

As autoridades brasileiras, americanas e das Bahamas ainda não obtiveram informação sobre o paradeiro dos cidadãos

Bahamas: são "em torno de 20 brasileiros" desaparecidos (Wikimedia Commons)

Bahamas: são "em torno de 20 brasileiros" desaparecidos (Wikimedia Commons)

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AFP

Publicado em 27 de dezembro de 2016 às 08h38.

Última atualização em 27 de dezembro de 2016 às 08h39.

O governo do Brasil busca 20 cidadãos desaparecidos supostamente após zarparem das Bahamas para entrar ilegalmente nos Estados Unidos por uma via pouco habitual entre os emigrantes.

Segundo o Itamaraty, o grupo desapareceu "durante uma suposta travessia marítima entre as Bahamas e os Estados Unidos".

Os familiares dos brasileiros desaparecidos reportaram as autoridades ter perdido contato em 6 de novembro.

As autoridades brasileiras, americanas e das Bahamas que trabalham no caso "até o momento não obtiveram informação sobre o paradeiro destes cidadãos e tampouco sobre a embarcação que supostamente os levaria aos Estados Unidos", acrescentou o ministério das Relações Exteriores em nota.

O documento destacou que são "em torno de 20 brasileiros" desaparecidos, embora tenha esclarecido que é difícil determinar o número com "absoluta precisão".

A identidade dos brasileiros não foi revelada, mas vários veículos de comunicação publicaram entrevistas com familiares, alguns dos quais relatam que seus parentes pagaram milhares de reais a "coiotes", encarregados de introduzi-los ilegalmente nos Estados Unidos.

A irmã de um dos brasileiros que teria viajado às Bahamas disse à rádio CBN que esta foi a terceira vez que ele tentava entrar nos Estados Unidos, de onde foi deportado em 2013 após viver oito anos ali.

Rotas alternativas para os EUA

Escolher a rota para os Estados Unidos através das Bahamas não é habitual entre os brasileiros, explicou à AFP Eduardo Siqueira, professor associado na Universidade de Massachusetts em Boston, que estuda os fluxos migratórios entre o Brasil e os Estados Unidos há mais de uma década.

Geralmente, explicou, os brasileiros entram nos Estados Unidos por avião com visto de turista e depois ficam para viver sem documentos, ou entram por terra através da fronteira com o México.

Este caso, se confirmado, pode mostrar que "os brasileiros estão encontrando outros caminhos" porque as rotas habituais estão se tornando mais difíceis, refletiu.

Com a economia castigada pela pior recessão em um século, o Brasil tem taxa de desemprego de 11,8%, que afeta quase 12 milhões de pessoas.

Embora ainda não seja possível quantificar o fenômeno, Siqueira assegurou que a atual crise provocou um aumento da emigração de brasileiros aos Estados Unidos, especialmente entre cidadãos com grau de instrução mais elevado.

"Vêm em busca do que não podem encontrar no Brasil, vêm melhorar de vida, procurando emprego, renda", enumerou este professor brasileiro, radicado há quase trinta anos nos Estados Unidos, e que verificou recentemente um aumento dos brasileiros pedindo ajuda em consulados americanos.

A chancelaria avalia que a comunidade brasileira nos Estados Unidos supera o 1,4 milhão de pessoas, baseando-se em informação consular.

O republicano Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, prometeu em sua campanha que deportará milhões de imigrantes em situação ilegal e que construirá um muro na fronteira com o México.

Tudo isso "cria um clima de preocupação, de medo entre as comunidades de imigrantes, inclusive na brasileira", admitiu Siqueira, embora tenha acrescentando que "é preciso esperar" para ver que promessas vai cumprir.

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