Incêndio no Museu da Língua Portuguesa: morador da zona norte, Cruz nasceu no Brás, região central da capital. A família, de nove irmãos, fugiu do aluguel com ele ainda pequeno (Paulo Whitaker/ Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de dezembro de 2015 às 15h11.
São Paulo - Com homenagens de outros bombeiros civis e presença de homens do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, que foram prestar solidariedades à família, o corpo do brigadista Ronaldo Pereira da Cruz, de 39 anos, foi velado no começo da tarde desta terça-feira, 22, no Cemitério de Santana, também conhecido como Chora Menino, na zona norte da capital paulista.
Morador da zona norte, Cruz nasceu no Brás, região central da capital. A família, de nove irmãos, fugiu do aluguel com ele ainda pequeno, se mudando para Francisco Morato, na Grande São Paulo.
"Ele queria ser bombeiro desde criança", conta Silvio Pereira da Cruz, de 47 anos, irmão da vítima.
O brigadista, entretanto, trabalhou como jardineiro paisagista boa parte da vida. "Ele tinha máquinas de jardinagem, que comprou no nome da nossa mãe antes de ela morrer", lembra outro irmão, Nilton Pereira da Cruz, de 44 anos. "Mas largou tudo quando fez o curso para ser bombeiro", afirma.
Antes de trabalhar no Museu da Língua Portuguesa, Cruz já havia trabalhando em outro ponto turístico da cidade, o Museu do Ipiranga, do governo do Estado, fechado por falta de manutenção há cerca de um ano. "Ele estava trabalhando no museu há uns quatro anos", conta Nilton.
Nesta segunda-feira, 21, quando o fogo atingiu o museu, segundo os irmãos, Cruz entrou e saiu do prédio para ajudar os funcionários por duas vezes.
Nas duas, saiu com colegas. "Na terceira vez que ele entrou, não saiu", diz Nilton. "Disseram que ele sofreu uma parada cardiorrespiratória, por causa da fumaça", lamenta o irmão.
A mulher de Pereira, Rita de Cássia Osório da Cruz, de 49 anos, com quem Cruz foi casado por seis anos, estava inconsolável durante o velório, caindo em prantos com a chegada de cada novo conhecido.
Suas duas filhas, enteadas de Cruz, permaneceram o tempo todo ao lado do caixão, também chorando muito.
"Eles se amavam muito. No Facebook dela, não tem nenhuma foto dela sem ele junto, nenhuma", conta o irmão Silvio.
A última vez que o casal se viu foi cerca de duas hora antes do incêndio.
Segundo os irmãos, Rita passou no museu para deixar almoço para o marido, entregando uma marmita para ele por volta das 14 horas.
Segundo os bombeiros, o incêndio que o matou teve início por volta das 16 horas.