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Bretas: Temo que a Justiça Eleitoral seja usada para manter o status quo

Juiz responsável pelos casos da Lava Jato no Rio de Janeiro criticou a estratégia de políticos para saírem da mira da operação

Marcelo Bretas: "A ideia é criar um caminho que não leve a lugar nenhum, fingir que a coisa vai para a frente e que a punição será efetiva" (Leo Martins / Agência O Globo/Reprodução)

Marcelo Bretas: "A ideia é criar um caminho que não leve a lugar nenhum, fingir que a coisa vai para a frente e que a punição será efetiva" (Leo Martins / Agência O Globo/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de maio de 2018 às 16h42.

Brasília - O juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos casos da Lava Jato no Rio de Janeiro, criticou nesta segunda-feira, 7, a estratégia de políticos para saírem da mira da operação e encaminharem seus casos para a Justiça Eleitoral.

Bretas participou em Brasília do Fórum Democracia Euro-Brasileiro, na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O juiz federal participou de um painel sobre o combate do Judiciário à corrupção. "A Justiça eleitoral é especializada, mas precisamos reconhecer que ela não tem estrutura necessária para enfrentar algumas situações", avaliou Bretas.

O juiz federal destacou que os juízes eleitorais são temporários e não são de dedicação exclusiva. Além disso, frisou que o corpo técnico da Justiça Eleitoral é especializado, mas os juízes eleitorais, não.

Sem citar nomes de políticos, Bretas afirmou que "o sonho de alguns acusados é levar (os seus casos) à Justiça Eleitoral". "A ideia é criar um caminho que não leve a lugar nenhum, fingir que a coisa vai para a frente e que a punição será efetiva", completou, ressaltando que na esfera eleitoral as penas são baixíssimas.

"Eu temo que a Justiça Eleitoral seja usada para a manutenção do status quo, para que tudo isso que esteja sendo investigado não seja efetivado", alertou Bretas.

Na abertura do painel, Bretas ressaltou que "o Poder Judiciário precisa ouvir as ruas" e observou que não se pode generalizar a classe política.

O juiz federal também comparou os crimes de corrupção a genocídios, ao sustentar que eles "têm efeitos coletivos".

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