Monumento às Bandeiras depois de pichação: "acho lastimável. Não é um ato de protesto, um ato político", disse filho de escultor (Rovena Rosa / Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 30 de setembro de 2016 às 18h11.
São Paulo - O engenheiro civil Victor Brecheret Filho disse que a pichação na escultura do pai, o Monumento às Bandeiras, localizado entre o Parque do Ibirapuera e a Assembleia Legislativa, foi um ato equivalente às explosões e demolições protagonizados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) em monumentos da Síria.
A escultura de Victor Brecheret amanheceu coberta de tinta colorida nesta sexta-feira, 30, bem como a estátua do Borba Gato, em Santo Amaro, os dois na zona sul de São Paulo. Em ambos, os pichadores usaram as mesmas cores: rosa, verde e amarelo.
"É um ato de barbárie, que equivale, com a devida escala, àquelas explosões do Estado Islâmico, que demoliram monumentos milenares do patrimônio da humanidade. Puseram dinamite no que é herança cultural, com dois mil anos de história. É uma raiva. Uma pena", afirmou Brecheret Filho à reportagem.
Brecheret Filho lamentou a ação e disse que está "indignado". O filho do escultor afirmou não ter ideia de quem pode ter pichado o monumento.
"Se tem motivação política, é uma lástima. Quem fez pode estar aproveitando um momento político, contrário a alguma ideia que ele tenha, para se vingar da sociedade. Acho lastimável. (Pichar o monumento) não é um ato de protesto, um ato político".
O engenheiro acompanhou a limpeza do monumento na manhã desta sexta-feira e disse que a preocupação é com a sequência dos atos. Nos cálculos dele, esta é a 8ª vez que a escultura é alvo de pichação. "Acho que isso é uma crescente, uma sequência. Precisamos encontrar alguma forma de ajudar a interromper as pichações em geral", defendeu.
Executado por Victor Brecheret, o Monumento às Bandeiras - apelidado de "empurra-empurra" pelos paulistanos - retrata o esforço dos bandeirantes para desbravar o Brasil.
Estão representadas 29 figuras humanas, entre portugueses, negros, mamelucos e índios. Eles puxam uma canoa de monções, utilizada nas expedições fluviais. Com 240 blocos de granito de 50 toneladas, a escultura foi encomendada pelo governo paulista em 1921 e inaugurada em 1954.
Já a estátua representa Manuel Borba Gato, que acompanhou a expedição do bandeirante Fernão Dias Paes Leme (1608-1681), conhecido como O Caçador de Esmeraldas. Borba Gato foi administrador de estradas e juiz de Sabará.