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Brasileiros vão às urnas na eleição das reviravoltas

A eleição mais disputada deste 1989 é marcada por duas grandes reviravoltas


	143 milhões de brasileiros poderão votar neste domingo
 (Montagem/EXAME.com)

143 milhões de brasileiros poderão votar neste domingo (Montagem/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2014 às 08h16.

São Paulo - Quase 143 milhões de brasileiros poderão votar neste domingo para escolher o próximo presidente da República na eleição mais disputada desde 1989, marcada por duas grandes reviravoltas, em um cenário não totalmente definido sobre quem passará para o segundo turno.

A primeira das reviravoltas ocorreu em meados de agosto com a trágica morte de Eduardo Campos, então candidato do PSB à Presidência, e a entrada como um furacão de Marina Silva em seu lugar.

Em poucos dias, a ex-senadora e ambientalista encostou na líder das intenções de voto para o primeiro turno, a presidente Dilma Rousseff (PT), e jogou para um distante terceiro lugar aquele que se aproximava cada vez mais da condição de favorito na disputa, Aécio Neves (PSDB).

A segunda grande virada desta campanha, que precisa ser confirmada pelas urnas, é a volta de Aécio ao segundo lugar, ultrapassando Marina na reta final na briga por uma vaga na segunda rodada de votação contra Dilma.

Pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas no sábado mostraram o tucano e a candidata do PSB em empate técnico. Pela primeira vez desde que ela entrou na disputa, porém, a vantagem numérica é do senador mineiro, confirmando as trajetórias de alta nas intenções de voto para ele e de queda para ela.

Ataques 

A entrada de Marina praticamente virou de ponta-cabeça a corrida presidencial. Aécio e Dilma, que viam um ao outro como o principal adversário e alvo único dos ataques na propaganda eleitoral, tiveram que realinhar a mira de seus canhões.

Como Marina chegou a abrir vantagem de 20 pontos percentuais sobre o tucano nas intenções de voto para o primeiro turno e de 10 pontos sobre a presidente em simulação de segundo turno, Dilma e Aécio tiveram que centrar fogo nela.

A campanha de Dilma procurou mostrar os supostos efeitos negativos de propostas de Marina, como a independência formal do Banco Central, em peças de propaganda que beiravam o terror.

Além disso, os petistas chegaram a comparar a falta de apoio político da candidata do PSB ao que teria levado os ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello a não terminarem seus mandatos.

A propaganda tucana, por sua vez, explorou o sentimento antipetista de parcela do eleitorado. Para isso, lembrou exaustivamente das mais de duas décadas de Marina no PT, além de citar a falta de experiência e contradições entre posições atuais e anteriores da candidata do PSB.

Com menos de um quinto do tempo de TV de Dilma e menos da metade de Aécio, Marina optou inicialmente por ignorar os ataques e se concentrar em propostas. Mas isso também deu margem para críticas e ataques.

Enquanto o tucano apresentou seu programa de governo, de forma fatiada, apenas na última semana da campanha e a presidente preferiu mostrar suas propostas apenas na propaganda eleitoral, Marina lançou o seu num grande evento no fim de agosto, pouco depois de ser confirmada candidata.

No dia seguinte à divulgação, a campanha do PSB anunciou uma mudança na parte referente à comunidade LGBT e Marina disse que houvera uma erro de editoração. Os adversários não perderam a oportunidade para acusá-la de não ser capaz de sustentar posições. Outros pontos do texto foram alvo nas semanas seguintes.

Os ataques, no entanto, não se concentraram só em Marina. A presidente que tenta a reeleição sofreu pesado bombardeio, especialmente no tema corrupção, que foi fartamente alimentado pelo vazamento de denúncias de um ex-diretor da Petrobras sobre um suposto esquema de propinas a políticos e partidos governistas envolvendo contratos da estatal.

Dilma também foi alvejada pelos opositores pela fraqueza da economia, que no primeiro semestre entrou em recessão técnica, e a inflação, que durante todo o atual governo ficou sempre no incômodo patamar dos 6 por cento ao ano ou mais, ameaçando romper o teto da meta, que é de 4,5 por cento com margem de tolerância de 2 pontos percentuais.

Aécio acabou escapando de ser alvo de ataques na propaganda da TV, porque passou a maior parte do tempo na condição de terceiro colocado.

Frases de efeito

Mas a campanha não foi feita só de ataques. Os candidatos apresentaram inúmeras propostas até o final, como Marina, que lançou no último debate de TV a proposta de um décimo terceiro para os beneficiários do Bolsa Família.

Dilma falou em ampliar o programa Mais Médicos com o Mais Especialidades e prometeu que não mexerá nos direitos trabalhistas "nem que a vaca tussa".

Aécio, por sua vez, repetiu inúmeras vezes a palavra previsibilidade, geralmente de forma bem pausada, quando tratava dos temas econômicos. E Marina prometeu que, se eleita, vai governar com os bons e com os melhores de todos os partidos.

Como a eleição não deve ser definida neste domingo, haverá mais três semanas de promessas, propostas e ataques para que o Brasil conheça seu próximo presidente.

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