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Grupos voltam às ruas a favor da Lava Jato neste domingo

As novas manifestações têm por intenção pressionar a elite política cercada por acusações de corrupção e defender os procuradores que a investigam

Protesto em 2016 a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (Igo Estrela/Getty Images)

Protesto em 2016 a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (Igo Estrela/Getty Images)

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AFP

Publicado em 24 de março de 2017 às 17h15.

Última atualização em 26 de março de 2017 às 12h47.

O País continua submerso em enormes escândalos que contaminam da política à exportação de carne, um cenário que levou ativistas a convocarem protestos para domingo, esperando que multidões se animem a ir às ruas.

Planejada por organizações que ficaram conhecidas durante a crise que levou à destituição da ex-presidente Dilma Rousseff, as manifestações têm por intenção pressionar a elite política cercada por acusações de corrupção e defender os procuradores que a investigam, diante da iminente revelação de novas revelações do esquema de propinas na Petrobras.

O objetivo? Impedir que os deputados e senadores envolvidos "saiam impunes", disse Rogério Chequer, um empresário que lidera o coletivo Vem Pra Rua, grupo que conseguiu mais convocações para manifestações nos últimos dois anos.

E os brasileiros têm muitos motivos para ficarem irritados.

O enorme escândalo de propinas e desvio de dinheiro público revelado pela Operação 'Lava Jato' revelou ma rede de corrupção entre políticos e empresários da construção civil que financiava campanhas e aumentava fortunas pessoais.

O caso voltou à cena este mês com o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de abrir 83 inquéritos contra políticos.

Os vazamentos à imprensa - outro escândalo, já que as investigações são conduzidas secretamente - indicam que nove ministros do governo de Michel Temer estão na lista de Janot. Além disso, também figuram Dilma e Lula, que já enfrenta investigações por corrupção.

E agora, a carne

Na semana passada, os brasileiros voltaram a ficar alarmados quando a Polícia Federal informou ter descoberto um esquema de subornos de frigoríficos a inspetores sanitários para que estes autorizassem a venda de carne em mau estado de conservação.

Embora o tamanho desta nova crise seja relativamente pequeno - há 21 plantas investigadas em um total de 4.837 -, alertou a saúde pública e a economia por seu possível impacto sobre um setor-chave de renda que emprega 6,7 milhões de pessoas, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A reação internacional foi devastadora. China e Hong Kong suspenderam todas suas importações e as vendas caíram de 63 milhões de dólares diários para somente 74 mil dólares.

Os escândalos e protestos de domingo ocorrem, ainda, em meio a pior recessão da história do Brasil.

"As pessoas estão preocupadas com a corrupção, com as tentativas de minar a Lava Jato, mas estão especialmente preocupados com a economia", disse Daniel Vargas, professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.

Os enormes protestos organizados pelo Vem Pra Rua em dezembro diminuíram significativamente, quando convocaram uma manifestação contra a corrupção.

Vargas acredita que seja mais fácil atrair as pessoas para as ruas quando há um "inimigo claro", como foi o caso da ex-presidente Dilma.

Mas agora, a popularidade da luta contra a corrupção dá espaço ao medo e à desilusão.

"As pessoas estão cansadas deste assunto. Há dois ou três anos que a palavra corrupção tem sido usada para mobilizar o povo, e é colocada como a cura de todos os problemas do país", assinalou.

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