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Brasileiros precisam da ousadia dos "canalhas", diz ministra

A ministra do STF Carmen Lúcia disse que os brasileiros de bem precisam ter a mesma ousadia dos "canalhas" para ajudar a tirar o país da crise


	A ministra Carmen Lúcia: "essa ousadia não pode ser de pessoas que não cumprem as leis, que usam o espaço público para interesses particulares. Essa ousadia não pode ser exclusiva"
 (Elza Fiúza/ABr)

A ministra Carmen Lúcia: "essa ousadia não pode ser de pessoas que não cumprem as leis, que usam o espaço público para interesses particulares. Essa ousadia não pode ser exclusiva" (Elza Fiúza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2015 às 20h29.

Rio de Janeiro - Os brasileiros de bem precisam ter a mesma ousadia dos "canalhas" para ajudar a tirar o país da crise político-econômica-finaceira pela qual passa o Brasil, afirmou nesta quinta-feira a vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia.

A ministra, que fez uma palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro, não esclareceu a quem se referia ao falar de canalhas e preferiu focar no discurso sobre os homens de bem.

"Nós, brasileiros, precisamos assumir a ousadia que os canalhas têm", afirmou ela, acrescentando que "essa ousadia não pode ser de pessoas que não cumprem as leis, que usam o espaço público para interesses particulares. Essa ousadia não pode ser exclusiva".

Cármen Lúcia acredita que chegou a hora de a população mudar de postura, "reivindicar, e não apenas reclamar" e ajudar o país a superar a fase difícil.

"Reclamação nunca levou a lugar nenhum", disse.

A insatisfação popular com escândalos de corrupção e o governo federal levou centenas de milhares de pessoas às ruas em todo o país no fim de semana para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff na terceira manifestação nacional neste ano contra a gestão da petista.

Cármen Lúcia afirmou, no entanto, que "o impeachment é um instituto que está previsto na Constituição, só que aplica-se em casos de processo de crime de responsabilidade e não tem nada disso em andamento".

A ministra disse que a palavra que mais esteve presente na vida dos brasileiros até agora neste ano foi crise e defendeu que todos se unam para construir e oferecer propostas aos governantes para tirar o país do que ela chamou de "estado de perplexidade".

"Nós, brasileiros, sabemos o que nós não queremos: corrupção, serviços de má qualidade. Mas não sabemos propor como superar tudo isso... a minha ideia é que como a Constituição permite iniciativa popular de leis e participação dos cidadãos, nós também ofereçamos propostas de políticas públicas. Não há bons ventos para marinheiro que não sabe onde quer chegar", disse.

Ela lembrou que a lei da Ficha Limpa, que inviabiliza a candidatura de políticos condenados pela Justiça, nasceu da iniciativa popular.

"Por sermos uma democracia partidária e, por ser partidária, nós sempre pensamos que com os partidos que temos, 33 partidos, não podemos fazer nada, mas iniciativa popular de leis não dependem de partidos e o Congresso tem obrigação de votá-las, basta que façamos as propostas", afirmou.

"Acho que as pessoas de bem em geral no Brasil se recolhem; não querem participar e demonizam a política... a política é uma alternativa para a guerra", completou.

Cármen Lúcia elogiou o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condução da operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção envolvendo empresas estatais, órgãos públicos, empreiteiras e políticos.

"Ele é uma pessoa extremamente séria", disse ela a jornalistas.

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