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Brasileiros devem pagar R$ 21,8 bi para manter estatais deficitárias

País possui 19 estatais deficitárias, que não sobreviveriam sem aportes do Tesouro; valores extrapolam o volume de recursos direcionados à saúde e ciência

Estatais que dependem de recursos dos contribuientes para sobreviver devem receber 21,8 bilhões de reais (Getty Images/Getty Images)

Estatais que dependem de recursos dos contribuientes para sobreviver devem receber 21,8 bilhões de reais (Getty Images/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 8 de junho de 2021 às 16h20.

Última atualização em 9 de junho de 2021 às 10h58.

Segundo informações do Tesouro, obtidas com exclusividade pela EXAME, os recursos para manter as 19 estatais deficitárias do país, entre elas a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), devem chegar a 21,8 bilhões de reais. No ano passado, foram liberados cerca de 21,5 bilhões de reais para essas empresas. Sem esses aportes, elas não teriam condições de seguir adiante.

A soma que deverá ser direcionada às estatais dependentes de recursos públicos neste ano é bem maior do que o orçamento do governo previsto para as áreas de infraestrutura (1,8 bilhão de reais) e ciência (7 milhões de reais). Além disso, equivale a dois terços dos recursos disponíveis para o programa Bolsa Família.

Entre as estatais que deverão receber os maiores aportes estão a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), com sede em Brasília, responsável pela gestão de hospitais universitários federais. Com 33.500 funcionários, que ganham em média 10.000 reais, a empresa deverá contar com recursos públicos da ordem de 7,1 bilhões de reais neste ano.

No ano passado, a receita bruta da estatal, criada em 2011, alcançou 88 milhões de reais, enquanto as despesas operacionais somaram 7,4 bilhões de reais — daí a necessidade de receber aportes do Tesouro. Quase a metade dos custos é gerada pela folha de pagamentos, que consumiu 3,7 bilhões de reais em 2020.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), um dos motores do crescimento do agronegócio no país, ocupa o segundo lugar do ranking, com uma subvenção estimada em 3,3 bilhões de reais neste ano, seguida pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasp), que deve receber 3,1 bilhão de reais.

O Hospital Nossa Senhora da Conceição, de Porto Alegre, vinculado ao Ministério da Saúde, deverá contar com 1,5 bilhão de reais neste ano.

A Nuclep, estatal de equipamentos pesados, como torres de transmissão de energia, também integra a lista das empresas públicas dependentes do Tesouro, assim como o Hospital das Clínicas de Porto Alegre, que deve receber 1,4 bilhão de reais de recursos públicos.

O governo pretende privatizar a Nuclep e outras estatais que dependem de aportes do governo para sobreviver, como a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb). A Empresa de Planejamento e Logística (EPL), criada em 2012 com o objetivo de implementar o trem-bala entre o Rio de Janeiro e São Paulo, que não saiu do papel, deve se fundir com a Valec, responsável pela construção de ferrovias.

Ainda não há planos, no entanto, para as demais estatais penduradas em aportes oriundos dos contribuintes.

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