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Brasileiros buscam em Portugal bem-estar e qualificação

Especialistas concordam que mudou totalmente o perfil e as motivações dos brasileiros que chegam à 'terrinha'


	Vida em Portugal: apesar de muitos deles terem voltado ao país natal, Portugal continua a receber novos grupos de imigrantes brasileiros
 (ThinkStock)

Vida em Portugal: apesar de muitos deles terem voltado ao país natal, Portugal continua a receber novos grupos de imigrantes brasileiros (ThinkStock)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2016 às 09h31.

Lisboa - Os brasileiros que decidem se estabelecer em Portugal em geral buscam romper com o modelo de vida nas grandes cidades brasileiras, atrás de bem-estar social e também de reconhecimento e qualificação profissional.

Especialistas concordam que mudou totalmente o perfil e as motivações dos brasileiros que chegam à 'terrinha'.

Segundo a antropóloga Rita Alho, membro da direção da Casa do Brasil de Lisboa, apesar de muitos deles terem voltado ao país natal, Portugal continua a receber novos grupos de imigrantes brasileiros.

A socióloga Margarida Marques explicou à Agência Efe que "têm uma presença muito diversificada, muito distante da ideia dos brasileiros que vinham aqui para trabalhar sem nenhuma titulação acadêmica".

A principal onda de migração do Brasil para Portugal aconteceu nos anos 1990, quando centenas de brasileiros decidiram atravessar o Atlântico para trabalhar na construção civil, em trabalhos domésticos ou nos setores de comércio e de serviços.

Suas motivações, basicamente econômicas, contrastam com as da atual onda migratória, iniciada em meados de 2012.

"Neste momento, temos uma migração que não vem só em busca de melhor vida financeira, mas de melhor qualidade de vida", destacou a psicóloga da Casa do Brasil, Cynthia de Paula.

São motivações que, destacou Cynthia, "exigem um pouco mais de conhecimento do país de amparo, assim como um nível mais elevado de qualificações".

Os novos brasileiros em Portugal são estudantes matriculados em programas de especialização e doutorados, funcionários públicos, aposentados, pequenos empresários e descendentes de portugueses.

Muitos deles decidiram deixar o Brasil para fugir da atual crise, não só econômica, mas também política.

Os últimos dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) portugueses indicam que em 2014 foram concedidos 6.068 vistos de residência a brasileiros, que chegaram a um total de 87.493, o que representa 22,1% dos estrangeiros que vivem legalmente no país.

Entre 2009 (um ano depois da explosão da crise mundial) e 2014 foram concedidas 76.154 autorizações de residência a brasileiros, o número mais alto entre os cidadãos de outros países.

O número de brasileiros pode crescer muito mais se for concretizada a ideia do novo governo socialista português, liderado por António Costa, que pretende eliminar a necessidade de vistos e estabelecer a liberdade de circulação e residência para os cidadãos dos Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (além do Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Timor Leste e São Tomé e Príncipe).

"Hoje em dia há uma grande diversidade de influências brasileiras em Portugal, na economia, na cultura, nos meios de comunicação e no sistema educacional", assinalou Margarida Marques.

A Universidade de Coimbra, por exemplo, é considerada a maior universidade brasileira fora do Brasil, pois possui 2.023 estudantes brasileiros.

Para o engenheiro de sistemas Rodrigo Raposo, de 28 anos, a entrada no mercado de trabalho português foi mais fácil do que ele imaginava.

Após trabalhar seis meses no setor de restauração da Mafra, no interior do país, Raposo conseguiu um emprego ligado às tecnologias de informação em Lisboa, onde vive há mais de três anos.

"A área tecnológica é mais fácil para conseguir trabalho. Existem muitos postos e o mercado precisa de pessoas que dominem um conhecimento que praticamente é universal, que pode ser exercido em qualquer lugar do mundo", explicou à Efe.

Seu caso contrasta, no entanto, com o de outros jovens brasileiros que não conseguem postos de trabalho compatíveis com sua formação, e que se veem obrigados a se conformar com outros de menor qualificação e remuneração.

A maioria desses empregos ficou vaga em Portugal por causa da elevada emigração da população portuguesa em direção a outros países da União Europeia (UE), intensificada pela crise.

De fato, segundo o Observatório de Emigração português, o país é atualmente "o membro da UE com mais emigrantes em proporção da população residente", com mais de dois milhões de pessoas vivendo fora, quase 20% do pouco mais de dez milhões de habitantes.

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