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Brasileiro é o povo mais desconfiado do mundo, diz pesquisa

Segundo a pesquisa, a média de confiança interpessoal na América Latina em 2010 foi de 20% e a população brasileira aparece como a mais desconfiada, com um índice de 10%

Brasileiros lideram índice internacional da desconfiança, diz Instituto Latinobarômetro (Marcelo Correa/EXAME)

Brasileiros lideram índice internacional da desconfiança, diz Instituto Latinobarômetro (Marcelo Correa/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2011 às 20h58.

Lima - A América Latina é a região com maior índice de desconfiança do mundo, sendo o Brasil o país mais desconfiado, afirmou nesta quarta-feira em Lima a diretora do Latinobarômetro, Marta Lagos.

Segundo a pesquisa, a média de confiança interpessoal na América Latina em 2010 foi de 20% e a população brasileira aparece como a mais desconfiada, com um índice de 10%.

Em seguida aparecem Peru e Paraguai, com 14%, enquanto os países com maior confiança interpessoal são República Dominicana (31%), Uruguai (30%), México (26%), El Salvador (26%) e Argentina (24%).

Ao se referir às instituições, o Latinobarômetro estabelece que, na média regional, o Governo e as Forças Armadas são as mais confiáveis (45%), enquanto as menos credíveis são os partidos políticos (23%) e o Poder Judiciário (32 %).

No caso do Peru, a confiança nas instituições é menor que a média regional em todos os casos, com exceção de na Igreja Católica e em outras igrejas (67%), enquanto a população peruana tem menos confiança nos partidos políticos (13%) e no Congresso (14%).

Segundo a especialista, isto permite determinar que existe "uma diferença entre a legitimidade e a confiança, que é muito baixa".

No entanto, a última crise econômica produziu "uma renovação" regional da confiança na função do Estado para resolver problemas, e apenas 4% acredita que o Executivo não pode resolver nenhum problema.

A maior percentagem de pessoas que acham que o Estado pode resolver todos os problemas está na Venezuela (46%), seguida por República Dominicana (39%), enquanto a percepção mais baixa se encontra em El Salvador (3%).

Em relação ao interesse pela política, a média latino-americana é de 26%, sendo mais alta em Venezuela (35%) e Uruguai (34%), e mais baixa em Nicarágua (19%) e Guatemala (17%).

No total, 16% da população da América Latina afirma que a situação política "é boa".

"Temos uma classe política que não se defende. Estes indicadores mostram a ausência de defesa da política", disse a especialista, quem ressaltou que, em geral, "há um grau de cinismo e hipocrisia entre as pessoas da América Latina que prejudica a política".

Segundo ela, na região se vive uma "sociedade politicamente hipócrita", já que os cidadãos afirmam não querer participar da política, porque a consideram muito complicada (54%), mas opinam constantemente sobre ela.

"Se há alguém que é perdedor não é a democracia, mas os partidos, porque há uma política degradada", acrescentou.

Ao se referir à imagem de progresso do país e à satisfação com a vida, o Latinobarômetro assinala que alcança 39% de média regional, com 68% no Brasil e 67% no Panamá, frente a apenas 10% em Honduras.

No Peru, este índice caiu de 79% em 1995 para 18% em 2008, mas no ano passado chegou a 40%, ao mesmo tempo em que a satisfação com a vida avançou para 55%, da mesma forma que a média regional, que é de 71%.

"Não temos uma correlação entre a satisfação de vida e o progresso; isto quer dizer que a felicidade não depende do progresso. Essa é minha interpretação", disse a especialista.

Nesse sentido, a criminalidade é o principal problema a nível regional, com média de 27%.

Na América Latina, para 21% a distribuição de riqueza é justa, principalmente para a população da Venezuela (38%), enquanto em República Dominicana, Argentina e Chile apenas 12% da população pensa o mesmo.

O Latinobarômetro também assinalou que a satisfação com a economia chega a 30% na América Latina, enquanto o apoio à democracia é de 61%.

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