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Brasil vai dobrar malha ferroviária em 15 anos, diz Tarcísio

Ministro da Infraestrutura considera que a aprovação do Marco Legal das Ferrovias, sancionado em dezembro de 2021, foi um grande avanço

Ministro da Infraestrutura, Tarcisio de Freitas (Alberto Ruy/MInfra/Flickr)

Ministro da Infraestrutura, Tarcisio de Freitas (Alberto Ruy/MInfra/Flickr)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 22 de fevereiro de 2022 às 15h53.

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou nesta terça-feira, 22, que a participação do modal ferroviário na matriz de transporte no Brasil vai dobrar de 20% para 40% nos próximos 15 anos, como resultado da abertura do mercado para a iniciativa privada. O assunto foi debatido no CEO Conference, evento do BTG Pactual.

É possível assistir a CEO Conference de forma totalmente gratuita e pela internet se inscrevendo neste link.

Com o desenvolvimento ferroviário, o Brasil vai “se aproximar de qualquer país desenvolvido” em termos de logística, afirmou Tarcísio. “Vamos ter uma matriz mais equilibrada, mais sustentável e mais barata”, disse. A redução do Custo Brasil em termos de frete deve ser na ordem de 35%, pelas simulações do governo.

“Vamos fazer alguma coisa semelhante ao que já existe nos terminais privados, e isso vai nos proporcionar uma revolução ferroviária. É uma coisa que nos empolga bastante”, disse o ministro. Para ele, a aprovação do Marco Legal das Ferrovias, sancionado em dezembro de 2021, foi um grande avanço.

Com a abertura do mercado, o ministério esperava receber oito pedidos de autorização ferroviária, de projetos que estavam “gritando”, disse Tarcísio. “Qual foi nossa surpresa. Recebemos 80 pedidos de autorização”, contou. Isso representa a construção de 20,7 mil quilômetros de ferrovias, 240 bilhões de reais de investimento privado no segmento ferroviário.

“O brasileiro já entendeu a importância da desestatização, de passar ativos para a iniciativa privada. É um caminho sem volta”, acredita Tarcísio. Ele lembrou que, em março, será feito o primeiro leilão de desestatização portuária da história do país, da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa).

O ministro apontou que os maiores avanços observados nos últimos anos têm sido no campo regulatório. Além do Marco das Ferrovias, ele citou a aprovação do projeto da BR do Mar, também no ano passado. “Enfrentamos uma batalha no Congresso para que pudesse mudar uma regulação de muitos anos”, disse. 

“Isso vai diminuir o custo para quem quer ingressar na cabotagem. Significa fazer um convite para sair do transporte com um modo só e necessariamente encarar a multimodalidade”, pontuou Tarcísio. “Temos aí um bom projeto, que vai dar bons frutos. A gente já começa a ser procurado por empresas que querem operar a cabotagem”, disse.

Para Antônio Sepúlveda, presidente da Santos Brasil, que também participou do painel, o momento é “muito bom” para o setor portuário. “Todo esse avanço que a gente teve nos últimos três anos tem aberto uma série de oportunidades”, disse. Ele afirmou que o incentivo à cabotagem, por exemplo, expande a capacidade dos portos de receber também navios grandes, o que é uma “ferramenta fabulosa” para o comércio exterior, porque reduz o preço do frete.

Tarcísio destacou que foram feitos 39 leilões de ativos de infraestrutura em 2021, apesar de o ano ter sido “superdesafiador”. Desde o início do governo, segundo ele, foram 125 leilões, com 820 bilhões de reais já contratados e 143 bilhões de reais arrecadados em outorga. “A gente vai terminar o ano de 2022 com mais de 1 trilhão de reais contratados”, disse.

Tarcísio também disse que o setor portuário tem dado respostas muito positivas. O crescimento foi de 4,2% em 2020, ano de início da pandemia, e de 4,8% em 2021. “Conseguiu dar respostas ao setor produtivo”, disse o ministro. Foram 34 leilões de arrendamento realizados.

João Alberto de Abreu, CEO da Rumo S.A., que também participou do painel no CEO Conference, destacou que o Brasil tem quebrado o paradigma de que tem um custo de logística mais alto do que os outros países. Ele acredita que, nos próximos 10 anos, o país vai continuar liderando o trade global do agronegócio. 

Na opinião de Marco Cauduro, CEO da CCR, o corpo técnico atual do ministério é de “extrema qualidade” e tem atuado com diálogo aberto com o setor privado na construção de bons contratos. O setor aeroportuário, segundo ele, tem um potencial muito grande com os leilões que estão por vir.

Como assistir ao CEO Conference

O CEO Conference reúne nestes dias 22 e 23 de fevereiro os principais líderes empresariais, políticos e da sociedade civil do Brasil. Este ano, o principal objetivo da reunião será debater os desafios do país e as principais tendências em economia, política e tecnologia para 2022. O evento é organizado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME).

Entre os participantes confirmados estão o presidente da República, Jair Bolsonaro, e os pré-candidatos João Doria (PSDB), governador do Estado de São Paulo, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro (Podemos), e o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT).

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