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Brasil ultrapassa 40 mil mortes por covid-19 segundo consórcio da imprensa

Após ocultação de dados feita pelo governo federal, números passaram a ser contabilizados também por grupo de seis veículos

Cemitério de Inhauma, no norte do Rio de Janeiro. (Teixeira/Anadolu Agency/Getty Images)

Cemitério de Inhauma, no norte do Rio de Janeiro. (Teixeira/Anadolu Agency/Getty Images)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 11 de junho de 2020 às 13h40.

Última atualização em 11 de junho de 2020 às 15h50.

O Brasil ultrapassou 40 mil mortos pelo coronavírus nesta quinta-feira (11) na contagem feita pelo consórcio de imprensa formado por UOL, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra.

São 787.489 infecções e 40.276 mortes desde o início da pandemia. Os números são contabilizados com base nos balanços das 27 secretarias de saúde estaduais.

Contagens paralelas surgiram em reação a decisões do governo federal de atrasar e omitir dados sobre a pandemia. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) também divulga o dado, e a contagem federal voltou a ser divulgada em resposta a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

O país é o que mais registrou casos e mortes nos últimos sete dias em todo o mundo. Os números da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 184.120 casos e 7.207 mortes foram confirmadas em uma semana. Em segundo lugar está os Estados Unidos, com 5.927 óbitos e 145.111 infectados.

A marca dos 20 mil mortes no Brasil foi ultrapassada no dia 21 de maio, quando foram registradas 20.047 vítimas e 310.087 casos confirmados.

São Paulo continua como o estado mais afetado pela pandemia e ultrapassa a marca dos 10 mil óbitos pela doença (10.145 mortes e 162.520 casos, no total), enquanto o governo anuncia flexibilização da quarentena e retomada do comércio. Em seguida, estão o Rio de Janeiro (7.138 mortes e 74.373 casos) e o Ceará (4.562 mortes e 73.560 casos).

Falta de transparência

Ao longo da última semana, o Ministério da Saúde passou a adiar a apresentação de balanços diários da pandemia, que costumava sair por volta das 19h, para as 22h. O presidente Jair Bolsonaro admitiu que o objetivo era evitar divulgação e disse na porta do Alvorada que “acabou a matéria no Jornal Nacional.”

A partir da última sexta-feira, 5, os balanços passaram a omitir o número total de mortos acumulados. Já no sábado, 6, a pasta passou a restringir as informações disponíveis no site sobre a doença, que não traz mais o acumulado de mortes. No domingo, foram divulgados dois dados altamente divergentes no espaço de poucas horas.

O empresário Carlos Wizard, que estava prestes a assumir a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, sugeriu, sem apresentar qualquer prova, que os dados eram “fantasiosos” pois havia fraude na contabilização pelos estados.

Todas as evidências apontam o contrário, que há subnotificação e que o número de mortos é muito maior do que o registrado. Diante da repercussão, Wizard desistiu de colaborar com o ministério.

As mudanças por parte do governo brasileiro sem esclarecimento geraram forte reação da sociedade civil, autoridades, partidos políticos e até mesmo de organizações internacionais.

O atraso deliberado de informações já disponíveis, além de impedir a fiscalização de políticas públicas, vai contra leis de acesso à informação e regulações específicas relacionadas à pandemia.

O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, foi à Comissão Externa da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 9, prestar esclarecimentos sobre o apagão, que atribuiu a uma "mudança técnica" de contabilização no sistema.

Ele é o terceiro ministro da Saúde do país desde o início da pandemia, após as saídas de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich diante de divergências públicas com Bolsonaro.

O ministro assumiu o posto há quase um mês, mas segue com o título de interino. Ele não fez nenhuma coletiva de imprensa no período e não há debate público sobre a procura de um outro nome que assuma o posto de forma definitiva.

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