Brasil e BID firmam parceria para apoiar qualificação e empregabilidade dos inscritos no CadÚnico (Adriano Machado/Reuters)
Agência de notícias
Publicado em 26 de março de 2025 às 14h28.
O governo brasileiro terá apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Programa Acredita, que oferece crédito em condições facilitadas a pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), referência para concessão de benefícios sociais como o Bolsa Família.
O ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, se reuniu com o presidente do BID, Ilan Goldfajn, durante a Reunião Anual do banco em Santiago, no Chile. Dias assinou um protocolo de colaboração com o banco, que tem como objetivo auxiliar no eixo 1 do programa, o Acredita Primeiro Passo, priorizando ações voltadas para grupos em situação de vulnerabilidade, como mulheres, jovens, pessoas negras e comunidades tradicionais.
O foco é a participação do BID no programa dentro dos objetivos da Aliança Global contra a Fome. O banco pode aportar recursos em bancos brasileiros e ajudar a calibrar as taxas de juros para esse público. O ministro explicou ao GLOBO:
— "O banco pode, por esse compromisso, aportar recursos em bancos brasileiros e, com isso, ajudar a calibrar as taxas de juros mais adequadas a esse público."
Atualmente, não há previsão de aportes financeiros do BID atrelados à assinatura do protocolo.
Em outubro de 2024, durante a Cúpula do G20 no Brasil, o BID se comprometeu a destinar US$ 25 bilhões para apoiar políticas e programas que combatam a fome e a pobreza, com foco em populações mais vulneráveis. O banco também estabeleceu a meta de ter metade de seus novos projetos voltados para essas populações.
O protocolo assinado entre o BID e o governo brasileiro visa identificar projetos e ações que possam acelerar a inclusão social e produtiva dos inscritos no CadÚnico. Isso incluirá a redução de barreiras à inserção no mercado de trabalho, além de aumentar o acesso à qualificação e empregabilidade.
Wellington Dias lembrou que o Acredita trabalha com investimentos em três níveis: microcrédito de até R$ 21 mil no primeiro passo, R$ 80 mil no segundo, e até R$ 1,2 milhão no modelo do Pronampe.
— "A meta é tirar da extrema pobreza, tirar da pobreza e abrir caminho para que esse pequeno empreendedor possa alcançar a classe média," afirmou o ministro. Até agora, 155 mil negócios foram fechados com empreendedores do Bolsa Família, e a meta é alcançar 1 milhão até o fim do ano.
As iniciativas de inserção no mercado de trabalho têm sido associadas a medidas para combater a informalidade. O ministro defendeu que, ao regularizar contratos de trabalho, 16,5 milhões de pessoas do Bolsa Família foram contratadas formalmente em 2023 e 2024.
— "Não se pode mais dizer que quem recebe Bolsa Família não quer emprego formal. Temos 4 milhões de pessoas com carteira assinada e recebendo Bolsa Família."
Dias ressaltou que, por meio de uma regra de proteção, 3 milhões de pessoas tiveram aumento de renda com contratos formais, mas mantêm o benefício reduzido até que ele seja totalmente retirado.
O ministro também mencionou acordos com o setor produtivo, como uma parceria com a construção civil de Fortaleza, com foco na inserção de inscritos no CadÚnico no mercado de trabalho formal.
Na terça-feira, Dias se reuniu com o diretor da Cepal, Alberto Arenas, para tratar da conferência regional da entidade, além de ações conjuntas com a Aliança Global contra a Fome.