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Brasil tem doses suficientes para vacinar toda a população ainda em 2021?

Ministério da Saúde diz que faltam doses porque estados estão aplicando vacinas em grupos não definidos pelo PNI

São Paulo vacina adolescentes. (Eduardo Frazão/Exame)

São Paulo vacina adolescentes. (Eduardo Frazão/Exame)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 18 de setembro de 2021 às 08h30.

Na última semana, o Ministério da Saúde apertou os estados sobre o processo de vacinação contra a covid-19. Em uma coletiva de imprensa na quinta-feira, 16, o ministro Marcelo Queiroga disse que várias unidades federativas estão aplicando vacinas indevidas em adolescentes entre 12 e 17 anos.

A ‘bronca’ do governo federal foi de que os estados avançaram com a imunização para além do que determina o Plano Nacional de Imunizações (PNI). Até o momento, a vacinação é focada em adultos, acima de 18 anos, e na dose de reforço em idosos com mais de 70 anos e imunossuprimidos.

Por conta disso, as doses distribuídas contemplam apenas estas populações, o que pode levar a uma falta de vacinas. Na semana passada, vários estados, incluindo São Paulo, sofreram um apagão com o imunizante da Fiocruz/AstraZeneca.

O Ministério da Saúde culpou os estados e disse que foram utilizadas doses que deveriam ser guardadas como segunda, para aplicação de primeira. Já os estados reclamaram que não receberam imunizantes suficientes. Mas afinal, o Brasil tem doses para concluir a vacinação contra a covid-19 ainda em 2021?

As doses contratadas

De acordo com o último documento divulgado pelo Ministério da Saúde, atualizado no dia 15 de setembro, o Brasil tem um total de 632.512.770 doses de vacinas contra a covid-19 contratadas com a Fiocruz/AstraZeneca, Instituto Butantan/Sinovac, PfizerBioNTech, Janssen, e pelo consórcio Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O total, já exclui as 20 milhões de doses da vacina indiana que estavam em negociação com a Precisa Medicamentos - contrato que é alvo de investigações da CPI da Covid-19 - e outras 10 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, que também teve o contrato suspenso.

(Ministério da Saúde/Divulgação)

Considerando que o público-alvo da campanha de imunização contra a covid-19 é a população adulta, o país tem 158.095.094 de pessoas aptas a receberem a vacina. Ou seja, seria possível aplicar quatro vezes em todos os brasileiros acima de 18 anos.

A grande questão, é garantir o ritmo de entregas. A previsão é receber, somente no último trimestre do ano, mais de 226 milhões de doses, o maior montante no período de um mês.

O médico sanitarista Gonzalo Vecina, uma das maiores autoridades em saúde pública do país, diz que falta transparência do Ministério da Saúde, para saber qual o estoque atual de vacinas que estão no centro de distribuição do governo federal, em Guarulhos, na Grande São Paulo.

“Nós temos a orientação da OMS dizendo que é para vacinar toda a população adulta antes de iniciar a imunização de adolescentes. Mas isso é dito no contexto mundial. A realidade do Brasil é outra. O Ministério da Saúde diz que não falta vacina, mas falta transparência de todos esses dados, incluindo dos laboratórios”, diz.

Vacinas enviadas

Até o dia 17 de setembro, o Brasil já enviou aos estados mais de 267 milhões de doses. De acordo com dados do Ministério da Saúde, disponíveis na plataforma Conecte SUS, os estados receberam, nos últimos sete dias, 11 milhões que estão em processo de distribuição aos municípios.

O país já vacinou, com pelo menos a primeira dose, 133.805.165  de pessoas, o que corresponde a 84% da população. Mais de 46% já terminou o esquema de vacinação, com duas doses ou dose única, o que dá um total de 74.055.603 de pessoas.

Com a vacinação iniciada um mês antes, os Estados Unidos já imunizaram 65,4% da população com mais de 18 anos, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês). Considerando apenas quem tomou a primeira dose, são 76,1%. O grande desafio do país no momento é avançar na população que não acredita na vacinação.

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