Milhares de manifestantes tomaram as quadras da avenida Paulista neste sábado, 24 de julho, para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro (Bruno Rocha/Estadão Conteúdo)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de julho de 2021 às 08h14.
Fechando uma semana politicamente tensa, marcada pelas ameaças do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, de que eleições sem voto impresso não seriam aceitas em 2022 - reveladas pelo Estadão - e pela chegada do senador Ciro Nogueira (PP-PI) à Casa Civil da Presidência, partidos de oposição e grupos ativistas fizeram neste sábado, por todo o País, a quarta manifestação contra o governo em dois meses.
Segundo os organizadores, houve protestos em mais de 300 cidades entre elas 19 capitais. Sob o título #24JContraBolsonaro -, eles pediram o impeachment do presidente e criticaram a gestão da pandemia, a alta do preço dos alimentos e defenderam as eleições de 2022.
Em São Paulo, o ato ocupou parte da Avenida Paulista e foi menor e mais disperso que os anteriores. Todos os 15 quarteirões da avenida foram fechados para carros, mas os manifestantes se dividiram em bolsões entre os 8 quarteirões entre a Consolação e a rua Pamplona. Onze carros de som estavam estacionados em pontos estratégicos. No primeiro, no começo da Paulista, estavam o PSDB, PDT, Cidadania, grupos de renovação de matriz liberal como Livres e Acredito, e outras lideranças.
Bandeiras com o nome de Ciro Gomes e Bruno Covas dividiram espaço com faixas do Solidariedade e movimentos de mulheres. Nos bastidores, os organizadores se esforçaram para evitar um novo confronto entre militantes do Partido da Causa Operária (PCO) e do PSDB, como aconteceu na última manifestação.
O PCO montou uma barraca em frente ao Masp, onde estava seu carro de som que reuniu as principais lideranças. Foi lá que o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o líder do MTST, Guilherme Boulos (PSOL) - os políticos de maior expressão presentes - discursaram. O ex-presidente Lula sequer cogitou aparecer. "Não vamos esperar sentados até 2022. O barco do Bolsonaro começou a afundar, e eles chamaram o centrão para conduzir o barco. Logo ele que na eleição de 2018 dizia que era da fora da política e ia acabar com a mamata", disse Boulos, que também disse esperar que em 2022 o presidente "não esteja na urna, mas no Tribunal de Haia".
"O Braga Neto deve estar com medo do que vai acontecer a partir da semana que vem. Quando esse povo estiver vacinado, vamos encher as ruas deste país. São 507 cidades unidas contra o Bolsonaro", disse Haddad em sua intervenção.
À noite, alguns manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar. A PM informou em seu Twitter que algumas pessoas quebraram vidros de uma agência do banco Itaú e tentaram tirar tapumes da frente de uma concessionária da Hyundai, na Consolação.
A Tropa de Choque usou bombas de gás lacrimogêneo. Alguns manifestantes permanecem na Praça Roosevelt. No início da noite, o governador João Doria (PSDB), disse, em nota: "Condeno o vandalismo nas manifestações de hoje. Quem age como vândalo é tão autoritário e violento como aquele que é alvo do protesto". Segundo ele, a PM de SP "agirá sempre que houver quebra da ordem".
Além dos protestos em São Paulo, destacaram-se os feitos no final da manhã no Rio, Brasília, Belo Horizonte e Recife. No Rio os grupos se concentraram junto ao Monumento a Zumbi dos Palmares, ocupando ao longo de 300 metros as pistas da Avenida Getúlio Vargas. No principal carro de som, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) pediu a prisão de Bolsonaro "por negligência na condução do combate à pandemia". Segundo ele, ,o presidente "não pode apenas ser tirado da Presidência, tem de ir para a cadeia".
Em Brasília, os manifestantes se reuniram no meio da tarde no Museu Nacional e dali marcharam para a Esplanada dos Ministérios com cartazes dizendo, entre outras frases, "Mais de 520 mil mortes", "Vacina para todos" e "Não tire a máscara, tire o Bolsonaro". Um pixuleco do presidente foi inflado pelos manifestantes.
Em Salvador, o protesto reuniu algumas centenas de pessoas, sob chuva fraca em alguns momentos, entre 10 da manhã e 12h30. No Recife, a concentração começou às 10 horas, na região central da cidade, onde além das bandeiras dos partidos de esquerda havia outras do Brasil, de Cuba e da Palestina. "Essa é a vontade do povão, o Bolsonaro vai pra prisão", dizia um dos cartazes. Houve ainda manifestações em São Luís, onde os manifestantes contaram com a companhia do grupo Evangélicos pelo Fora Bolsonaro - e em Maceió, Vitória, Fortaleza, Aracaju, João Pessoa, Natal, Teresina, Belém, Palmas, Goiânia, Campo Grande, Florianópolis e Porto Alegre.
No interior de São Paulo, em cidades como Campinas, Sorocaba, Bauru e Jundiaí, os manifestantes voltaram a protestar pedindo mais vacina, auxílio emergencial de R$ 600 e cobraram dos parlamentares o impeachment contra o presidente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.