(Eduardo Frazão/Exame)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de julho de 2021 às 12h52.
O Brasil já registrou pelo menos 247 casos e quatro mortes pela variante Delta do novo coronavírus. Mais transmissível, essa cepa foi identificada originalmente na Índia e tem freado planos de reabertura de atividades econômicas na Europa e nos Estados Unidos. Dez Estados e o Distrito Federal já reportaram infectados pela variante, mas especialistas acreditam que o número possa ser bem mais alto, diante das dificuldades de vigilância genômica do País.
O balanço de casos é do Ministério da Saúde até quinta-feira, 29. O Rio é o Estado com mais contaminados pela cepa (99), seguido de Distrito Federal (51) e Paraná (29). Há ainda São Paulo (25), Rio Grande do Sul (14), Maranhão (7), Santa Catarina (7), Goiás (4), Ceará (4), Minas (4) e Pernambuco (3).
Os primeiros casos da mutação foram identificados no Maranhão, em maio, na tripulação de um navio vindo do exterior. O episódio fez o governo federal enviar doses extras da vacina ao Estado e reforçar a imunização de funcionários do transporte aéreo e terrestre.
Agora, a estratégia da gestão Jair Bolsonaro tem sido enviar lotes extra de vacina aos Estados da fronteira, com o objetivo de criar uma espécie de "cordão epidemiológico" contra as variantes do vírus. Dos óbitos até agora, a maioria foi no Paraná (14), seguido de Distrito Federal (4), Rio (4) e Maranhão (1). A primeira morte com a Delta foi de uma grávida de 42, em Apucarana (PR).
O Ministério da Saúde disse, em nota, que os "respectivos contatos (dos infectados) são monitorados pelas equipes de Vigilância Epidemiológica e Centro de Informações Estratégicas em Vigilância e Saúde locais, conforme orientação do Guia Epidemiológico da covid-19".
A pasta ainda disse ter "reforçado a orientação para Estados e municípios, quanto ao sequenciamento genético, notificação imediata, rastreamento e isolamento dos casos e contatos, além de outras ações de prevenção".
Estudos mostram que a Delta é mais transmissível que as demais cepas, mas não necessariamente mais agressiva. Cientistas ressaltam que a variante se espalhou em países onde boa parte da população já está vacinada.
Isso poderia explicar o baixo número de internações e mortes. Já se sabe também que apenas a primeira dose de um imunizante pode não ser suficiente para barrar a infecção - duas injeções têm eficácia contra a nova cepa.
Casos da covid-19 aumentam no mundo
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para a crescente disseminação da variante delta da covid-19, bem como para o fato de que em cinco das seis regiões cobertas pela entidade houve um aumento no número de casos da doença, nas últimas quatro semanas. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou durante entrevista coletiva virtual que o número de casos globais deve atingir nas próximas semanas 200 milhões, lembrando ainda que há muita subnotificação.
Tedros disse que a cepa delta do vírus já foi localizada em ao menos 132 países. Segundo ele, boa parte da alta recente nos casos está relacionada a essa variante, mais contagiosa. Mas a líder técnica da OMS na resposta à pandemia, Maria Van Kerkhove, comentou que até agora não foi visto um aumento na mortalidade da covid-19 por causa dela.
Diretor executivo da OMS, Michael Ryan admitiu que a variante delta é um desafio, mas enfatizou que as vacinas e as medidas profiláticas, como o uso de máscaras, o distanciamento social e a lavagem de mãos, continuam a ser eficazes para conter as transmissões do vírus. Kerkhove, por sua vez, afirmou que não há registro de que a variante delta atinja especificamente as crianças, mas sim os não imunizados em geral e os que não adotam as medidas necessárias para evitar o vírus.
Tedros enviou há alguns dias uma mensagem para a Olimpíada de Tóquio e foi questionado sobre o evento, em momento de alta na mortalidade. Ryan quis responder e comentou que há um monitoramento forte em vigor da covid-19 no evento, com a adoção de medidas abrangentes.