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Brasil quer eleição na Venezuela se Chávez morrer

Chávez pediu que a população venezuelana apoie o vice-presidente Nicolás Maduro caso não pudesse mais governar


	Partidários de Hugo Chávez: a constituição da Venezuela prevê que novas eleições sejam feitas em 30 dias no caso de incapacitação permanente do governante
 (Leo Ramirez/AFP)

Partidários de Hugo Chávez: a constituição da Venezuela prevê que novas eleições sejam feitas em 30 dias no caso de incapacitação permanente do governante (Leo Ramirez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2013 às 21h13.

São Paulo/Brasília - O Brasil está enviando mensagens ao governo venezuelano sobre a necessidade de realizar eleições o mais rapidamente possível caso o presidente Hugo Chávez morra, disseram autoridades de alto escalão à Reuters nesta segunda-feira, numa intervenção que pode contribuir para uma transição mais tranquila em Caracas.

As autoridades brasileiras já transmitiram seu desejo diretamente ao vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disseram as fontes oficiais sob anonimato.

"Estamos explicitamente dizendo que, se Chávez morrer, gostaríamos de ver eleições assim que possível", disse uma fonte. "Achamos que essa é a melhor forma de assegurar uma transição pacífica, que é o maior desejo do Brasil." Chávez está internado em um hospital de Cuba, após se submeter à quarta cirurgia contra um câncer em 18 meses. Ele não é visto nem ouvido em público há um mês, o que motiva especulações de que estaria à beira da morte.

A Constituição venezuelana prevê a realização de novas eleições em 30 dias em caso de incapacitação permanente do presidente. Antes de embarcar para Cuba, Chávez pediu à população que apoiasse Maduro se o câncer o impedisse de continuar governando. Nos bastidores, tanto a oposição quanto o chavismo parecem estar se preparando para uma nova votação.

Mas algumas autoridades da região e alguns antichavistas mais radicais manifestam reservadamente o temor de que o governo possa alterar as regras em seu benefício, especialmente se as pesquisas apontarem para uma derrota de Maduro na eleição.


Chávez, que foi eleito em 2012 para um novo mandato de seis anos, deveria ter tomado posse na semana passada, mas não compareceu. A Suprema Corte decidiu então, de forma polêmica, adiar o início do novo mandato presidencial, o que reforçou os temores da oposição sobre as brechas que poderiam ser usadas para manter o chavismo no poder.

O governo venezuelano disse no domingo que a saúde de Chávez se estabilizou, mas que ele ainda precisa de cuidados especiais por causa de uma infecção pulmonar.

A posição de Brasília a respeito da Venezuela é importante porque o Brasil é disparadamente o maior país da América Latina, com grande influência econômica e diplomática sobre os vizinhos.

O PT, partido da presidente Dilma Rousseff, manteve forte apoio a Chávez na última década, mas ao mesmo tempo ela é considerada suficientemente neutra e democrática para agir como uma mediadora imparcial que ajude a Venezuela a superar uma eventual crise política.

Por intermédio de "emissários", os brasileiros também comunicaram seu desejo de eleições rápidas ao principal líder da oposição, Henrique Capriles. Ao apoiar claramente uma solução diplomática agora, o Brasil espera dissuadir Capriles e outros de estimularem distúrbios caso Chávez morra, segundo as fontes.


"Estamos muito empenhados em assegurar que haja paz", disse a primeira fonte.

Capriles, visto como virtual rival de Maduro na eventual disputa, adota até agora um tom relativamente discreto na crise. Na semana passada, ele disse que os chavistas iriam "ganhar" politicamente caso haja um confronto violento.

O Brasil também mantém os Estados Unidos informados sobre seus esforços e espera que Washington permita que o governo Dilma assuma a liderança na gestão de uma eventual crise. Chávez é uma das principais vozes antiamericanas do mundo atual, e as autoridades brasileiras dizem temer que uma intervenção direta dos Estados Unidos em assuntos venezuelanos termine por ter efeitos negativos.

A oposição venezuelana exige que Chávez se afaste e nomeie um presidente interino enquanto se recupera, mas essas exigências até agora têm sido ignoradas pelos governos da região, incluindo o Brasil.

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