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Brasil propõe aumentar cooperação no eixo 'Sul-Sul'

Cooperação ''é hoje uma ferramenta importante para a política externa e para as relações internacionais'', informou Farani

Haiti (Hector Retamal/AFP)

Haiti (Hector Retamal/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2012 às 19h03.

Última atualização em 11 de outubro de 2016 às 11h43.

Brasília - O Brasil destina cerca de US$ 1 bilhão anuais à cooperação do chamado ''eixo Sul-Sul'' e se propõe manter e até aumentar o investimento, disse nesta quinta-feira à Agência Efe o diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o ministro Marco Farani.

Apesar do atual cenário de crise, ''a tendência é aumentar'' esses valores, pois a cooperação ''é hoje uma ferramenta importante para a política externa e para as relações internacionais'', informou Farani.

Segundo o diretor da ABC, embora esse US$ 1 bilhão anual seja um valor ''considerável'', só representa em torno de 0,02% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, um país que é hoje a sexta economia do mundo. ''Esse papel aumenta o sentimento de responsabilidade, é necessário ajudar ainda mais para criar um mundo melhor'', disse.

A maior parte dos projetos de cooperação desenvolvidos pelo Brasil se concentra na América Latina e na África, regiões que têm desafios sociais e econômicos semelhantes, e estão mobilizados a criar condições que permitam melhorar a vida das sociedades.

O diretor da ABC informou que 21,86% dos projetos que desenvolve com 31 países da América Latina e do Caribe e com outros 42 da África são ligados ao setor agrícola.

Nessa área, o Brasil se consolidou durante os últimos anos como uma ''potência mundial'' e desenvolve suas próprias tecnologias que, através da cooperação internacional, põe à disposição de outros países em desenvolvimento.


Farani explicou na entrevista à Efe que um dos principais projetos da ABC na atualidade é desenvolvido em Moçambique, com a participação do Japão, esperando tornar viável a atividade agrícola nas regiões de savanas.

A ideia se baseia em um modelo aplicado no cerrado brasileiro, que se estende pela região central e onde, graças à processos tecnológicos e apesar da pobreza da terra, hoje se cultiva de algodão até soja.

O diretor da ABC disse que se o projeto em Moçambique der certo, cerca de 14 mil hectares de savana poderiam ser aproveitados e o país passaria a ser um grande produtor de alimentos.

A experiência poderia então ser aplicada em outros países da África, um continente com cerca de 400 mil hectares de savanas ociosas que poderiam ser utilizados para agricultura.

A incentivadora dessa cooperação agrícola entre a África e a América Latina é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), uma instituição pública voltada para a pesquisa e a biotecnologia, que ajudou a fazer do Brasil um dos maiores produtores mundiais de alimentos.

''É uma instituição forte, que desenvolve tecnologias e processos próprios para as regiões tropicais'', que são facilmente adaptáveis aos países da América Latina e da África, disse Farani.


Na mesma descrição situou também a Fundação Oswaldo Cruz, órgão público dedicado à pesquisa em saúde, uma área que representa 16,28% dos projetos de cooperação internacional promovidos pelo Brasil.

A preocupação da ABC com a vertente social e econômica da parceria, segundo explicou Farani, nasce da própria experiência brasileira que, na última década, permitiu o país tirar da pobreza cerca de 30 milhões de pessoas.

''O Brasil agora pode oferecer solução para os problemas que está resolvendo e pode fazer isso com uma base comprovada de sua própria experiência, por isso a cooperação acontece em um plano de maior igualdade e entre países que compartilham os mesmos desafios para alcançar o desenvolvimento pleno'', declarou. 

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