Brasil

Brasil precisa superar preconceito contra educação técnica

Segundo diretor geral do Senai, Rafael Lucchesi, Brasil precisa superar mentalidade bacharelesca para equilibrar mercado de trabalho e aumentar produtividade do país


	Treinamento de mecânica numa unidade do Senai: Brasil ainda vive mentalidade "bacharelesca", segundo diretor geral do Senai, Rafael Lucchesi
 (Roberto Setton/Quatro Rodas)

Treinamento de mecânica numa unidade do Senai: Brasil ainda vive mentalidade "bacharelesca", segundo diretor geral do Senai, Rafael Lucchesi (Roberto Setton/Quatro Rodas)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2013 às 17h53.

São Paulo – No Brasil, 6,6% dos estudantes cursam ensino médio em conjunto com alguma forma de ensino profissionalizante. Em países da OCDE – grupo formado por nações ricas – são 46%. O número é repetido sempre pelo diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi, para convencer qualquer interlocutor que, pelo bem da competitividade brasileira, o país precisa perder a visão “bacharelesca” de que só existe a universidade como caminho para quem termina o ensino médio.

“Temos que superar essa resistência corporativista que existe de que educação instrumental não forma para a cidadania. É a maior bobagem”, disse Lucchesi, que é também diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo ele, o salário inicial das dez profissões de formação técnica mais demandadas pelo mercado superam a média das graduações. Mas os benefícios não são somente para quem completa um curso técnico. Vai também para o país.

“Você melhora a competitividade, organiza melhor o mercado de trabalho - à semelhança dos países desenvolvidos – e amplia a possibilidade de mobilidade social”, defendeu Lucchesi.

O diretor geral do Senai debateu nesta segunda-feira como aumentar a produtividade brasileira no EXAME Fórum, que ocorreu na capital paulista.

Outras soluções e problemas
Também presente ao debate, o presidente da IBM Brasil, Rodrigo Kede Lima, atestou na prática o que muitas empresas de qualquer porte alegam: a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada no país, particularmente para o setor de tecnologia.

O problema é que a questão está longe de ser resolvida. Pelo contrário: a sensação do presidente da IBM Brasil é de que o país continua perdendo grandes talentos.

“Hoje eu tenho mais brasileiros trabalhando na IBM no exterior que o contrário. Tenho exportado muita mão de obra brasileira qualificada. Países como China e Índia têm procurado talentos aqui para levar a essas localidades”, afirmou Kede Lima.

Para Naércio Menezes Filho, coordenador do Centro de Politicas Públicas do Insper, atacar o gargalo de qualidade da educação hoje no Brasil não implica necessariamente no aumento de gastos.

Tramita no Congresso o Plano Nacional de Educação, que eleva para 10% os recursos destinados ao setor, hoje em cerca de 6,1% do PIB.

“O problema principal é gestão. A proposta de aumentar para 10% não significará melhor aprendizado dos alunos se não melhorar a forma como os recursos são geridos. A cidade de Sobral (CE) conseguiu num espaço de 7 anos ir de um nível mínimo para um nível da OCDE em todos os indicadores. O que mostra que é possível mudar. Se todos fizessem o que Sobral fez, estaríamos em nível de primeiro mundo”, afirmou o especialista em educação.

Acompanhe tudo sobre:CompetitividadeCursos técnicosEducação no Brasileventos-exameEXAME Fórumgestao-de-negociosprodutividade-no-trabalhoSenai

Mais de Brasil

Governadores do Sul e do Sudeste criticam PEC da Segurança Pública proposta por governo Lula

Leilão de concessão da Nova Raposo recebe quatro propostas

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas

CNU divulga hoje notas de candidatos reintegrados ao concurso