Jovem faz embaixadinhas em favela do Rio de Janeiro: gastos sociais do Brasil estão muito abaixo dos de países desenvolvidos, mas à frente da maioria dos emergentes (Buda Mendes/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2014 às 15h22.
São Paulo – Quando se trata de gastos sociais, o Brasil está entre os últimos se colocado ao lado da atenção dada por países desenvolvidos. Enquanto 14,4% do PIB nacional vai para a área, na França, são 32,8%, mostra o relatório “Society at a Glance 2014”, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), lançado nesta semana (veja documento na íntegra abaixo).
Gastos sociais incluem serviços como previdência, saúde e benefícios sociais diversos contra o desemprego e a pobreza, como o programa Bolsa Família.
Este último é inclusive elogiado no documento.
Dos 40 países analisados pela OCDE – a maioria são países desenvolvidos membros da organização – o Brasil aparece bem cotado entre os emergentes.
A porcentagem nacional é maior que a da Índia (4,6%), África do Sul (8,1%) e China (9%). Mas é menor que a da Rússia (15,7%).
Mas entre os que dão mais atenção à área social, além da França, os gastos chegam a quase um terço do PIB: Dinamarca (30,8%), Bélgica (30,6%) e Finlândia (30,3%).
Neles, portanto, as políticas públicas tendem a ser mais generosas quando se trata de dar proteção social aos seus habitantes, notadamente para aqueles em situação econômica mais desfavorável.
Vale lembrar que esses números não permitem visualizar, além da qualidade do gasto, o peso de cada fator (se a previdência ou a saúde tem mais atenção, por exemplo).
No relatório, a OCDE se mostra preocupada que gastos sociais apresentem diminuição em tempos de crise - fato ocorrido em várias nações europeias -, sendo que este seria justamente o momento em que são mais necessários.
O relatório elogia a melhora na distribuição de renda no Brasil, com os mais pobres apresentando um aumento de rendimentos em ritmo chinês e os mais ricos, em ritmo alemão.
Mas a organização defende que os gastos sociais – que podem inclusive trazer benefícios para a economia – devem ser bem planejados para funcionar.
“Um ajuste fino nos alvos (dos benefícios) é necessário, a fim de evitar a criação de incentivos perversos que impedem as pessoas de encontrar trabalho. Por exemplo, as pessoas desempregadas que estão prestes a iniciar um trabalho podem sofrer perdas ou podem ganhar muito pouco quando mudam dos benefícios para um salário”, diz trecho do documento.