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Brasil jamais será poder com porrete na mão, diz Dilma

A presidente respondeu isso ao ser questionada sobre posicionamento em relação à grave crise política na Venezuela


	"O mundo ficou muito acostumado com intervenções militares", declarou a presidente
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

"O mundo ficou muito acostumado com intervenções militares", declarou a presidente (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2015 às 21h42.

Brasília - Em entrevista à rede de notícias alemã Deutsche Welle divulgada nesta terça-feira, 9, a presidente Dilma Rousseff disse que o Brasil jamais será um "poder regional com o porrete na mão".

O comentário foi feito por Dilma ao ser questionada se o Palácio do Planalto não deveria se posicionar de maneira mais contundente sobre a grave crise política na Venezuela.

"O mundo ficou muito acostumado com intervenções militares. Eu não creio que isso tenha levado à estabilidade das regiões. O Brasil tem de ser uma ponte para o diálogo, para o entendimento, contra todos os processos de intolerância. Obviamente, em relação a rupturas democráticas, nós teremos sempre uma posição muito firme de rejeição. Nós não aceitaremos rupturas democráticas, golpes na oposição ou golpes depondo governos", disse Dilma. A entrevista foi gravada na última sexta-feira, 5, no Palácio do Planalto.

"Nós não seremos jamais um poder regional com o porrete na mão. Para ser poder regional não precisa ser um interventor, você tem que ser capaz de entender as sociedades e lutar pelas transformações de uma forma que não seja a intervenção."

No mês passado, a mulher do líder opositor Leopoldo López, Lilian Tintori, e a mulher do prefeito de Caracas, Mitzy Capriles Ledezma, estiveram em Brasília para tentar uma audiência com a presidente Dilma Rousseff, mas acabaram sendo recebidas por um funcionário do Itamaraty.

O prefeito de Caracas está preso desde fevereiro, sob a acusação de "promover um golpe de Estado" contra o presidente Nicolás Maduro.

Apesar de não ter aceitado recebê-las pessoalmente, Dilma encaminhou uma carta a Lilian e a Mitzy em que afirmava que iria "procurar incansavelmente uma solução para crise" da Venezuela.

Na época, um auxiliar direto da presidente alegou que um eventual encontro de Dilma com Mitzy e Lilian poderia ser visto como uma "intromissão em assuntos internos" daquele país.

Corrupção

Sobre o escândalo de corrupção que atingiu a cúpula da Fifa, a presidente Dilma Rousseff afirmou estar "triste" com a prisão do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin, mas ressaltou que o episódio é uma oportunidade para dar mais transparência à federação.

"O que eu acho é que, se isso servir para que a gente possa passar em revista uma radiografia da Fifa, transformar a Fifa num órgão mais transparente e que não deixe a menor fresta para corrupção, vai ser uma grande conquista. Fico triste por um brasileiro estar preso, porém, acho que, se ele tem qualquer responsabilidade, tem que responder pelo que fez", disse.

"Nossas relações foram bastante conflituosas com a Fifa. Não tenho nenhuma queixa do senhor Blatter (presidente da Fifa, Joseph Blatter), que sempre teve um comportamento bem respeitoso em relação ao Brasil. O mesmo não digo de outras pessoas", afirmou a presidente, sem mencionar nomes.

Em março de 2012, o Planalto ficou profundamente irritado com as declarações do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que criticou os atrasos nas obras da Copa do Mundo e chegou a afirmar que o país deveria receber um "chute no traseiro".

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