Avião militar: o arquipélago do Atlântico Sul é motivo de disputa entre o Reino Unido e a Argentina (Matt Cardy/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 10 de março de 2017 às 09h34.
Última atualização em 10 de março de 2017 às 09h34.
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse hoje (9) que o Brasil está investigando o pouso, em seu território, de 18 aviões militares britânicos que seguiam com destino às Ilhas Malvinas.
O arquipélago do Atlântico Sul é motivo de disputa entre o Reino Unido e a Argentina, que reivindica sua soberania sobre as Malvinas.
"Estamos verificando [esses pousos] agora e repassando todos os procedimentos que levaram à autorização desses voos para torná-los mais rigorosos e transparentes", disse o chanceler, em entrevista ao final de sua visita a Buenos Aires.
A Argentina foi o primeiro destino internacional do ministro, que assumiu o cargo há dois dias. No inicio do mês, o governo argentino manifestou preocupação em relação aos 18 aviões militares britânicos que voavam para as Ilhas Malvinas e fizeram escalas de reabastecimento no Brasil, em 2015 e 2016.
No comunicado, os argentinos lembraram do compromisso assinado pelos demais membros do Mercosul (Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela), de impedir o pouso de aeronaves de guerra do Reino Unido, cujo destino seja o arquipélago em disputa. A única exceção seria em caso de emergência ou por motivos humanitários.
A chanceler argentina, Suzanna Malcorra, disse que a "queixa persiste", mas que não tratou do tema com Aloysio Nunes na reunião bilateral que tiveram em Buenos Aires.
O ministro garantiu que não ha "crise" entre os dois países, uma vez que o Brasil mantém sua política de apoio à reivindicação argentina de soberania das ilhas.
"O critério para a autorização de voos - que é o critério da emergência e do humanitário - não mudou. O que estamos verificando são os procedimentos", disse. Antes de viajar de volta a Brasilia, o ministro foi recebido pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri.
Aloysio Nunes veio a Buenos Aires para participar de um encontro de chanceleres do Mercosul e o principal tema foi o acordo de livre comércio que está sendo negociado entre o bloco regional e os 28 países da União Europeia (UE).
Os chanceleres dos dois países concordaram que é preciso agilizar a promoção da integração do Mercosul com outros blocos econômicos e comerciais.
A Venezuela também foi tema da reunião, já que o país foi suspenso do Mercosul até que incorpore todas as normas de integração. "Não sabemos até quando essa situação vai durar, mas também falamos sobre nossa preocupação em relação à situação democrática [da Venezuela"], disse Aloysio Nunes.
Segundo ele, o governo venezuelano tampouco está afinado com os demais membros do Mercosul que têm "uma convergência de pontos de vista em relação sobre a concepção de liberdade de comércio, do intercâmbio entre as pessoas, liberdades democráticas, segurança jurídica".
Na avaliação do ministro, a crise econômica brasileira e as investigações da Operação Lava Jato não prejudicam a atuação do Brasil na comunidade internacional.
"Esses temas complicados mostram o seguinte: que o Brasil tem instituições que estão funcionando. Tem investigações, tem tribunais, tem ministério público atuando e os costumes políticos estão sendo obrigados a mudar", disse. "Tudo isso é um sinal de saúde e de vitalidade democrática do Brasil", acrescentou. Quanto à economia, ele disse que já há sinais de recuperação e que o país hoje "tem um rumo".